Em um país marcado por profundas desigualdades sociais e por um mercado de trabalho em constante transformação, os advogados trabalhistas exercem uma função que transcende o campo jurídico, sendo agentes sociais que lutam diariamente pela dignidade humana e pela valorização do trabalho. Dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de que em 2024, a Justiça do Trabalho registrou 2.117.545 novas ações, um aumento de 14,1% em relação a 2023 reforçam a importância deste profissional jurídico laboral no Brasil.
O profissional vai muito além das audiências e petições, atuando como defensor dos direitos mais básicos dos trabalhadores: salário digno, jornada adequada, proteção à saúde e segurança no ambiente de trabalho, respeito às normas legais e resguardo contra demissões arbitrárias. Sua atuação é indispensável para que os princípios constitucionais do trabalho sejam respeitados e efetivados na prática, promovendo justiça nas relações entre empregadores e empregados.
A importância dessa categoria profissional se revela ainda mais evidente diante das constantes mudanças na legislação trabalhista. A Reforma Trabalhista de 2017, por exemplo, modificou mais de uma centena de dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), exigindo dos advogados uma postura atenta, crítica e atualizada. Com conhecimento técnico e responsabilidade social, esses profissionais vêm enfrentando o desafio de interpretar e aplicar essas novas normas de forma ética, equilibrada e justa, especialmente quando há risco de retrocesso nos direitos conquistados ao longo de décadas.
Os obstáculos enfrentados pela advocacia trabalhista são muitos. A sobrecarga do Poder Judiciário, a tentativa de desvalorização da Justiça do Trabalho e a crescente precarização das relações laborais são apenas alguns dos obstáculos que esses profissionais enfrentam diariamente. A emergência de novas formas de trabalho, como o trabalho remoto, os contratos por aplicativos e o avanço da automação, impõe à categoria o dever de se reinventar, de compreender novas realidades e de lutar para que os direitos fundamentais não sejam deixados para trás.
Em uma sociedade onde milhões de trabalhadores desconhecem seus próprios direitos, o papel da advocacia trabalhista é também educativo e transformador. São esses profissionais que ouvem, orientam, representam e protegem aqueles que muitas vezes se encontram em situação de vulnerabilidade frente a grandes estruturas econômicas. Com coragem e dedicação, fazem da justiça uma realidade possível.
Neste 20 de junho, é fundamental reconhecer e valorizar o trabalho dos advogados e advogadas trabalhistas. São eles que, com ética e comprometimento, mantêm viva a esperança de um mundo do trabalho mais justo, onde os direitos não sejam privilégios, mas regra. Seu papel vai muito além dos tribunais: está presente nas mediações de conflito, na pacificação das relações, na preservação da dignidade humana e no fortalecimento da democracia.
Que esta data sirva não apenas para homenagens, mas para uma profunda reflexão sobre a importância de se preservar e fortalecer a Justiça do Trabalho e todos os profissionais que, com coragem e conhecimento, a mantêm de pé.
Raquel Grieco é advogada no escritório Bosquê & Grieco advogados