
Enquanto marcas internacionais redesenham suas flagships para oferecer experiências imersivas e sensoriais, uma mineira dá seu próprio passo em direção a um varejo com mais presença e identidade. A Vörr inaugura, em Belo Horizonte, sua nova loja no Pátio Savassi — um ponto estratégico que marca o início do seu modelo de franquias. O projeto, assinado por Piacesi Arquitetura, traduz o lifestyle da marca em uma linguagem arquitetônica leve, replicável e alinhada às transformações do setor.
A arquitetura da nova unidade parte de uma equação complexa e cada vez mais comum no varejo contemporâneo: como transformar um espaço físico em vetor de expansão de marca sem cair na pasteurização? Como criar um ambiente escalável que preserve a singularidade de uma loja conceito? Foi esse o desafio que guiou o projeto do novo ponto da marca mineira de athleisure premium, que acaba de ser inaugurado. Com cerca de 50 metros quadrados, o espaço concentra decisões de arquitetura, branding e negócios em um momento em que o varejo físico retoma relevância como elo de experiência com o consumidor.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o setor cresceu entre 5,5% e 8% em 2024, com projeção de alta entre 1,7% e 2% em 2025, mesmo diante de um cenário macroeconômico mais cauteloso. Globalmente, o varejo que valoriza a criação de ambientes imersivos e sensoriais foi avaliado em US$ 84,94 bilhões em 2023, com expectativa de crescimento médio de 14,02% ao ano até 2032, segundo relatório da UnivDatos.

“Entendemos que a loja física é onde a experiência da marca se completa. É onde você toca, sente, respira a identidade. O digital é essencial, mas o físico ancora essa percepção. A primeira loja da Vörr no Belvedere nos ensinou a criar comunidade. Agora, no Pátio, damos o passo seguinte: tornar essa experiência replicável e apresentar o modelo que levaremos para todo o país“, afirma Humberto Ayres, diretor de branding da Vörr. A expectativa é ultrapassar o número de 30 lojas nos próximos cinco anos.
O ponto de partida era claro: a loja conceito, também assinada por Piacesi, extrapolou a função comercial para se tornar um lugar de permanência e contemplação — com madeira bruta, pedras naturais, grafismos inspirados nas montanhas de Minas, luz difusa e uma paleta terrosa que combinava movimento com suavidade. “Nosso desafio era condensar essa atmosfera em um espaço compacto, adaptado à lógica de shopping center, sem perder alma, intenção e narrativa”, explica o arquiteto Júnior Piacesi. “A arquitetura aqui não é só estética. Ela estrutura o tempo, a experiência e o que a marca quer comunicar — de um modo replicável e com investimento controlado, que viabiliza as franquias.“
A solução veio pela síntese e pela reinvenção. Elementos emblemáticos da loja original foram reinterpretados com leveza e inteligência funcional. O banco escultural virou balcão de caixa, mantendo sua presença como objeto de design e ponto de atenção visual. A serralheria, antes mais elaborada, foi redesenhada com traços simplificados e maior capacidade expositiva. A base da vitrine ganhou volume com pedras naturais, enquanto os grafismos das montanhas seguem como assinatura identitária — agora em versão mais sutil. “Buscamos criar uma atmosfera de acolhimento, leveza e autenticidade, que traduzisse o lifestyle da Vörr e pudesse ser replicada sem perder sua essência.
É uma arquitetura pensada para inspirar movimento e introspecção ao mesmo tempo”, completa Piacesi. O resultado é uma linguagem minimalista e elegante, que dialoga com o conceito de slow fashion das peças da marca: atemporais, combináveis e alinhadas ao ritmo de quem busca viver com mais presença e equilíbrio.
“A roupa da Vörr propõe bem-estar. O espaço propõe o mesmo. E isso não é coincidência — é estratégia de marca. Pensar esse tipo de ambientação reforça o vínculo emocional com o consumidor e reposiciona a loja física como ponto de contato estratégico, mesmo em tempos de e-commerce dominante“, conclui Ayres.
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