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Alzheimer em jovens: doença de início precoce exige atenção e diagnóstico rápido

Tempo de leitura: 3 min

em 10/10/2025

Alzheimer em jovens: doença de início precoce exige atenção e diagnóstico rápido

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência, sendo a doença de Alzheimer a mais comum, atingindo sete em cada 10 indivíduos no mundo. Com o envelhecimento da população, os números preocupam: a Alzheimer’s Disease International projeta que os casos globais podem chegar a 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050.

No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que aproximadamente 1,2 milhão de pessoas têm Alzheimer, com cerca de 100 mil novos casos diagnosticados anualmente. Entre eles, um grupo específico chama atenção: os pacientes jovens, que desenvolvem a doença antes dos 65 anos.

Segundo a neurologista Bianca Mazzoni, professora do curso de Medicina do Centro Universitário UniBH – integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil, o Ecossistema Ânima – o Alzheimer de início precoce pode surgir entre os 30 e 65 anos, sendo mais frequente à medida que o paciente se aproxima dos 65 anos. “A incidência estimada entre 45 e 64 anos é de 6,3 a cada 100 mil pessoas por ano, com uma prevalência de 24,2 a cada 100 mil. Então, não é algo muito comum”, afirma.

Dra. Bianca explica ainda que o Alzheimer precoce apresenta alterações cognitivas diferentes das vistas em pacientes idosos, afetando frequentemente linguagem, comportamento e função executiva. “Alguns pacientes podem ter manifestações motoras, mioclonias (contrações musculares rápidas, breves e involuntárias, semelhantes a espasmos), e até crises epilépticas. Além disso, a evolução costuma ser mais rápida, com progressão para dependência maior e até óbito”, diz.

A genética também desempenha papel relevante no diagnóstico: cerca de 10% dos pacientes jovens apresentam mutações em genes específicos associados à doença, configurando o chamado Alzheimer familiar autossômico dominante. “Nos jovens, temos uma relação genética mais forte do que nos pacientes idosos, que muitas vezes possuem fatores genéticos diversos e ambientais”, acrescenta.

Mazzoni revela ainda que os primeiros indícios em adultos jovens podem incluir alterações de linguagem, com dificuldade de nomear objetos e formar frases; mudanças comportamentais; dificuldades executivas, marcadas pela incapacidade de realizar tarefas anteriormente simples; déficit de memória, principalmente na formação de novas lembranças; e manifestações atípicas, como movimentos involuntários ou problemas motores. “É importante, porém, diferenciar lapsos de memória comuns, muitas vezes ligados à desatenção ou excesso de estímulos do dia a dia, de sinais que merecem investigação médica, especialmente quando familiares ou colegas percebem alterações”, alerta.

Diagnóstico, exames e tratamento

O diagnóstico da doença, conforme aponta Bianca, envolve descartar causas reversíveis e condições que possam se assemelhar ou camuflar o Alzheimer, como deficiências vitamínicas, alterações metabólicas, infecções (como sífilis ou HIV) e doenças estruturais ou inflamatórias do cérebro. Exames de imagem, como a ressonância magnética, e exames laboratoriais são fundamentais para uma confirmação precisa. “Em casos específicos, exames avançados, como PET para avaliação de proteína TAU e biomarcadores no líquor (beta-amiloide e proteína TAU), além de testes genéticos, podem ajudar no diagnóstico e no aconselhamento familiar.”

O tratamento, por sua vez, inclui medicamentos que melhoram temporariamente os sintomas cognitivos, como inibidores da acetilcolinesterase e a memantina, além de abordagens para sintomas comportamentais e depressivos. “O acompanhamento multidisciplinar é essencial, com fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia, tanto para pacientes quanto para familiares”.

Por fim, a neurologista destaca que embora o principal fator de risco no Alzheimer precoce seja o genético, a prevenção pode ser eficaz por meio de medidas voltadas ao controle de fatores cardiovasculares e da prática regular de atividade física, que têm se mostrado mais eficaz do que qualquer medicamento. “Evitar hipertensão, diabetes não controlado e manter um acompanhamento de saúde constante é fundamental. A atividade física regular – vale reforçar – é a intervenção com evidência científica mais consistente para prevenção”, finaliza.

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