
Há encontros profissionais que ultrapassam a lógica do trabalho e se tornam memória afetiva. Na minha vida, esse encontro aconteceu, recentemente, no dia em que Roberto Carlos, ele mesmo, o maior cantor do Brasil, me disse: sim.
A ideia nasceu em Belo Horizonte, cercada pelo jeito mineiro de empreender: atento aos detalhes, cuidadoso na escuta e persistente sem ser invasivo. Desde o início, não havia plano alternativo, queríamos o Roberto. Mais do que um nome, ele era a representação de uma verdade que desejávamos comunicar: “é preciso saber viver”.
A canção, conhecida por gerações, traduzia exatamente o espírito da campanha que estávamos construindo para o Banco Mercantil. Colocar no centro o público 50+ significava reconhecer uma etapa da vida que não é fim, mas continuação e, por que não, até mesmo, recomeço? E quem melhor para simbolizar essa mensagem do que ele, que é intergeracional?
Convencer Roberto, no entanto, não seria simples. Ele é reservado, cuidadoso com sua imagem e já havia recusado convites de outras marcas poderosas. Por meses, mergulhamos em conversas, compreendendo o que seria necessário para que ele aceitasse. Foi um processo de delicadeza e de entrega. Cada reunião era um exercício de atenção e respeito, até que, um dia, ele disse sim.
Esse sim não foi apenas a resposta de um artista a uma campanha publicitária. Foi a confirmação de que insistir em um projeto pode, sim, transformá-lo em realidade. Foi também a prova de que o empreendedorismo mineiro, com seu ritmo próprio, conquista justamente porque não atropela. Ao nosso lado, o Mercantil, tão mineiro quanto nós, seguiu firme, de mãos dadas, acreditando mesmo quando a estrada parecia íngreme demais. Lembro de ter pensado naquele dia: “Não existem barreiras geográficas para um sonho. Pensar grande não depende de onde estamos e sim de onde queremos chegar”.
No intervalo do Jornal Nacional, quando a campanha estreou, vi a concretização de um encontro raro. Roberto Carlos, sua música e a mensagem do Banco Mercantil se entrelaçaram para lembrar a todos nós que a vida merece ser vivida em todas as idades.
É preciso saber viver! E, às vezes, é preciso saber também esperar até ouvir um sim que muda tudo. E, para finalizar, parafraseando Jean Cocteau, talvez só tenhamos conseguido, justamente, porque nunca aceitamos que era impossível.

Hellen Mundim – Publicitária e fundadora e sócia da Kind Branding
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