
As temperaturas mais baixas e a umidade relativa do ar em queda acentuada impõem desafios importantes à saúde da população idosa, especialmente para a pele. Mais fina, seca e sensível, o maior órgão do corpo humano exige cuidados específicos para evitar problemas que vão muito além da estética.
Segundo a geriatra cooperada da Unimed-BH, Bárbara Correa, o envelhecimento provoca alterações estruturais significativas na pele. “A pele do idoso perde gordura, elasticidade e a capacidade de reter água. Isso a torna mais vulnerável a lesões, infecções e inflamações”, explica. Segundo ela, o ressecamento, chamado de xerose senil, é agravado pela menor produção de óleos naturais e pela redução das terminações nervosas e glândulas sudoríparas.
A geriatra alerta ainda, que a pele envelhecida cicatriza mais lentamente e se torna mais permeável a agentes externos, aumentando o risco de complicações, especialmente em idosos com comorbidades. “Condições como diabetes podem levar a pele seca, infecções e dificuldades na cicatrização de feridas, que podem se tornar lesões crônicas. Problemas circulatórios, como a insuficiência venosa, podem causar inchaço, fragilidade da pele e lesões nas pernas. Doenças como a esclerodermia (reumatológica) podem endurecer e espessar a pele. No caso da doença de Parkinson, é comum observar dermatite seborreica (oleosidade e descamação). Além disso, deficiências nutricionais afetam a hidratação e a capacidade de cicatrização da pele”, corrobora.
A dermatologista cooperada da Unimed-BH, Paula Salomão, afirma que a pele do idoso é naturalmente mais frágil devido à queda na produção de colágeno na derma – a camada média da pele – e o afinamento da epiderme. “O resultado é um aumento expressivo de queixas como coceiras e inflamações na pele (eczema e dermatites), especialmente em pacientes que tomam banhos muito quentes e prolongados, que apesar de ser um hábito comum é muito prejudicial”, afirma.
Os cuidados com a fotoproteção, mesmo no inverno, é outro ponto de atenção a pele madura. “A radiação ultravioleta tem efeito cumulativo e a exposição ao longo da vida aumenta o risco de câncer de pele. O uso de protetor solar deve ser mantido, especialmente em áreas expostas como rosto e mãos”, completa.
Bárbara Correa chama atenção ainda, para a baixa ingestão de água, muito comum nessa faixa etária e, durante o inverno, agrava ainda mais o ressecamento, favorecendo rachaduras, coceiras e fissuras. “Se o idoso não gostar tanto de água, ofereça um chá ou uma limonada mais diluída. Algo que agrade mais o paladar e ajude na hidratação”, completa a dermatologista Paula Salomão.
Para proteger a pele madura durante o inverno, as especialistas recomendam cuidados redobrados com hidratação:
- Banhos curtos e mornos: limitar o tempo a 5-10 minutos e evitar água quente, que remove a gordura natural da pele.
- Uso de sabonetes suaves: preferencialmente com pH neutro e apenas nas áreas necessárias.
- Hidratação imediata pós-banho: aplicar cremes hidratantes ricos em ceramidas nos primeiros três minutos após o banho, para selar a umidade.
- Ingestão adequada de líquidos: mesmo sem sede, é essencial consumir água. Chás e sucos diluídos são boas alternativas.
- Ambientes úmidos e aquecidos com moderação: o uso de umidificadores ajuda a manter a umidade do ar, reduzindo a perda transepidérmica de água.
- Roupas adequadas: tecidos que protejam do frio e do vento, sem causar atrito excessivo na pele.
- Atividade física moderada: além de melhorar a circulação, ajuda a manter a hidratação sistêmica e a integridade da barreira epidérmica.