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BH recebe exposição inédita “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”

Tempo de leitura: 6 min

em 30/09/2024

BH recebe exposição inédita “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”

A partir do dia 02 de outubro, o Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – CCBB BH recebe a exposição inédita “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”, que apresenta fotografias do premiado fotógrafo japonês Hiromi Nagakura, realizadas em viagens com Krenak, principalmente pelo território amazônico, entre 1993 e 1998, além de objetos dos povos visitados e recursos de mediação e acessibilidade, como audiodescrições, objetos para manipulação do público, pranchas tácteis e video libras. A mostra é idealizada pelo Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo.

A curadoria é do próprio líder indígena, em um trabalho conjunto com Angela Pappiani, Eliza Otsuka e Priscyla Gomes. Segundo Ailton Krenak, a mostra traz algumas das belas imagens das viagens às aldeias e comunidades na Amazônia brasileira. “Momentos de intimidade e contentamento entre amigos inspiraram esta mostra fotográfica mediada por encontros com algumas das pessoas queridas que nos receberam em suas cozinhas e canoas, suas praias de rios e nas aldeias Ashaninka, Xavante, Krikati, Gavião, Yawanawá, Huni Kuin, assim como nas comunidades ribeirinhas no Rio Juruá e região do lavrado em Roraima”, destaca o curador. As viagens passaram pelos estados do Acre, Roraima, Mato Grosso, Maranhão, São Paulo e Amazonas. Alguns dos indígenas que foram visitados pelas lentes do fotógrafo na companhia de Ailton Krenak estarão presentes na abertura da exposição.

A aproximação entre Krenak e Nagakura começou numa conversa, sentados em esteiras, na sede da Aliança dos Povos da Floresta, no bairro do Butantã, em São Paulo, onde se conheceram, quando Eliza Otsuka apresentou o plano de viagens de Nagakura. “Ela [Eliza] resumiu com estas palavras o conceito todo do projeto para alguns anos dali para frente: ele vai ser a sua sombra por onde você for, quando estiver dormindo e quando estiver acordado”, recorda-se Ailton Krenak. Esta história toda está reunida em um dos livros escrito em nihongo, publicado pela editora Tokuma (Tóquio, 1998), intitulado “Assim como os rios, assim como pássaros: uma viagem com o filósofo da floresta, Ailton Krenak”.

As viagens entre eles já foram registradas no Japão anteriormente, em livros, exposições e documentários para a NHK. O livro “Seres Humanos – Amazônia”, lançado em 1998 em Tóquio, teve enorme repercussão e foi seguido de duas exposições e de exibições em programas na TV, com muita mídia voluntária, um espaço raro para o reconhecimento do Brasil, da Amazônia e dos povos indígenas. “Acompanhei, como convidado especial, Hiromi Nagakura em programas ao vivo na TV em horário nobre, antecedido por fala de fim de ano do imperador. Não foi pouca coisa o impacto dessas exposições e livros-reportagens para a formação de uma opinião pública esclarecida sobre a realidade dos Yanomami e Xavante, e da Amazônia mesma. Afinal, nós andamos por dezenas de aldeias nas cabeceiras dos rios Juruá, Negro e Demini, Tarauacá e rio Gregório, além de cortar estradas pelo cerrado e regiões de florestas onde a vida continua vibrante como nos primórdios da criação”, completa Ailton Krenak.

A abertura da exposição vai contar também com a presença das lideranças indígenas Krikati e Huni Kuin, mulheres líderes culturais que participam ativamente da manutenção e difusão dos saberes ancestrais de seus povos. Elas também vão conduzir oficinas gratuitas no decorrer do evento.

O início
Em agosto de 1993 deu-se o primeiro de muitos encontros que uniriam dois caminhos aparentemente tão diversos. Hiromi Nagakura, fotógrafo japonês, havia chegado recentemente ao Brasil para mais uma de suas viagens. Ainda não conhecia pessoalmente o ativista indígena Ailton Krenak, mas ao tomar contato com as imagens do discurso emblemático do futuro amigo na Assembleia Constituinte (04/09/1987), almejou tê-lo como parceiro e interlocutor em sua busca pelas diferentes etnias dos povos originários brasileiros.

Além da distância geográfica, a barreira do idioma também parecia ser um entrave para esse encontro. Eliza Otsuka, intérprete de Nagakura, foi responsável pela aproximação desses universos, participando a partir daí de uma série de percursos realizados em conjunto, embriões de uma longeva amizade.

Trinta anos depois, a exposição chega agora a BH, depois de temporadas no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo (30 mil visitantes), no CCBB Rio de Janeiro (361 mil visitantes) e no CCBB Brasília (20 mil visitantes). O evento é patrocinado pelo Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e idealizado pelo Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo.

Agenda de eventos  
A exposição também vai apresentar palestras, debates e oficinas com os curadores e convidados. Veja a programação:

02/10

19h: Palestra Celebração do Encontro: Nagakura e Ailton

Hiromi Nagakura e Ailton Krenak relembram as viagens, 30 anos depois. Com a presença das lideranças indígenas Huni Kuin e Krikati.

03/10

15h: Oficina: A tecelagem do povo Huni Kuin – do mito à arte.

Nietta, Tximá e Maria de Fátima trazem o mito da criação da tecelagem Huni Kuin pela Aranha, demonstrando o cuidado com o algodão desde a retirada da semente até o preparo do fio, revelando os segredos do tingimento e da montagem do tear de cintura e os desenhos chamados de Kenê.

19h: Mesa de conversa: Nagakura e Ailton reencontram as mulheres da floresta e do cerrado

Hiromi Nagakura, Ailton Kreank e as lideranças se encontram para falar das primeiras viagens do fotógrafo às suas aldeias, a amizade que perdura, as mudanças na paisagem e as conquistas e retrocessos na política para os povos indígenas.

04/10

09h30h: Encontro com professores             
Encontro das mulheres Krikati e Ailton Krenak com educadores, sobre o tema “A educação indígena nas aldeias Krikati”.                                     

15h: Oficina: pintura corporal com mulheres Huni Kuin e Krikati

As tintas no corpo que canta e dança. A diversidade de formas que o urucum e o jenipapo podem assumir nos corpos indígenas, respeitando a tradição de cada povo, os mitos de origem, o legado dos ancestrais. A oficina conversa sobre o ato de pintar o corpo, preparar a tinta e celebrar nas cerimônias. As mulheres indígenas vão pintar os participantes.

Acessibilidade  
“Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak” é uma exposição que foi pensada para todos os públicos. Por isso, oferece audiodescrição das fotos e objetos em português e inglês durante toda a mostra. Disponibiliza também tablets para visitas guiadas em Libras, tornando tudo acessível e inclusivo.

Circuito Liberdade

O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

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