Saúde

Brasil registra primeiro caso de gripe K e reforça vigilância conrea nova onda de influenza

O Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso da chamada gripe K no Brasil, identificado no estado do Pará. Trata-se de um subclado da Influenza A H3N2, o mesmo que vem provocando aumento expressivo de casos e pressão sobre os sistemas de saúde em países da Europa, América do Norte e Ásia.

Segundo especialistas, a gripe K não representa um novo vírus, mas uma variação da Influenza A H3N2, resultado das mutações naturais que caracterizam esse grupo viral. “Os vírus influenza têm alta capacidade de mutação, especialmente nas proteínas de superfície, o que torna necessária a atualização anual da vacina”, explica a infectologista do Hermes Pardini, Dra. Melissa Valentini.

As cepas predominantes durante o inverno europeu e norte-americano orientam a composição da vacina utilizada no Brasil na temporada seguinte. Neste ano, autoridades internacionais observaram que a estação de gripe no hemisfério norte começou duas a três semanas mais cedo, acompanhada por aumento de internações. Embora a vacina atual oferecida no hemisfério norte não inclua especificamente o subclado K, estudos indicam que ela pode oferecer proteção parcial, contribuindo para quadros mais leves.

No Brasil, a circulação da gripe costuma se intensificar no outono e inverno, especialmente nas regiões Sudeste e Sul, entre abril e julho. Já no Norte do país, a sazonalidade se assemelha à do hemisfério norte, o que explica calendários distintos de vacinação. “Neste momento, por estarmos em um período de calor, não há indicação de risco elevado para surtos no país. Ainda assim, o cenário exige atenção e vigilância contínua”, ressalta a especialista.

Há indícios de que o caso identificado no Pará possa estar relacionado a infecção importada, considerando o intenso fluxo de viagens internacionais. “Vivemos em um mundo globalizado. Pessoas que viajam para regiões com alta circulação viral podem introduzir esses vírus no país. Isso não indica um surto iminente, mas reforça a importância do monitoramento”, afirma Dra. Melissa Valentini.

Embora a maioria das infecções por Influenza A H3N2 atualmente registradas no Brasil esteja associada a variantes anteriores à dominância do subclado K no hemisfério norte, a detecção acende um sinal de atenção para o acompanhamento das síndromes respiratórias, especialmente da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), monitorada de forma contínua pelo Ministério da Saúde e pela Fiocruz.

De acordo com relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está entre os países das Américas com maior proporção de casos positivos de Influenza A H3N2, superando 30% entre pessoas com sintomas gripais. Desde agosto, a OMS observa crescimento consistente da circulação do subclado K na Europa e na Ásia. No Reino Unido, autoridades de saúde chegaram a recomendar novamente o uso de máscaras em ambientes fechados como medida preventiva.

Sintomas e prevenção

Os sintomas da gripe K são semelhantes aos da gripe comum e de outras viroses respiratórias como Covid-19 e incluem febre alta, dor no corpo, dor de cabeça, tosse, coriza, dor de garganta e malestar intenso. Em grupos mais vulneráveis – como idosos, crianças, gestantes e pessoas com comorbidades – o quadro pode evoluir para complicações respiratórias.

Para Dra. Melissa Valentini, a principal mensagem neste momento é de atenção e prevenção. “Ainda não há evidências de que a gripe K cause quadros mais graves do que outras variantes da Influenza. O que chama atenção é a alta transmissibilidade observada em outros países, o que exige acompanhamento próximo.”

Ela reforça que as medidas preventivas seguem eficazes: “vacinação contra a gripe, higiene frequente das mãos, etiqueta respiratória e o uso de máscara em ambientes fechados ou com aglomeração continuam sendo estratégias importantes. Pessoas com sintomas gripais devem evitar contato próximo com outras e procurar avaliação médica quando necessário.”

Vigilância e diagnóstico

Especialistas destacam que os testes de PCR utilizados na rotina identificam Influenza A e B, mas não diferenciam subclados específicos. A confirmação do vírus K exige sequenciamento genético, o que torna o fortalecimento da rede laboratorial estratégico para a saúde pública.

“Monitorar quais vírus estão em circulação permite antecipar cenários, orientar protocolos assistenciais e proteger a população de forma mais eficiente”, completa a infectologista.

O Ministério da Saúde segue acompanhando o cenário e reforça que o Sistema Único de Saúde (SUS) mantém estratégias de vigilância ativa para vírus respiratórios em todo o país.

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