Da tradição à modernidade: cidades históricas de Minas Gerais investem em tecnologia de ponta no combate à dengue
Minas Gerais abriga algumas das cidades mais emblemáticas da história do Brasil. Entre elas estão Ouro Preto, Mariana e Nova Lima que carregam em suas ruas de pedra e casarões coloniais a herança de um passado glorioso, marcado pela riqueza do ciclo do ouro e pela resistência cultural que moldou o país. Mas, se suas igrejas barrocas e monumentos preservam a tradição, suas administrações públicas demonstram um olhar voltado para o futuro, investindo em inovação para solucionar desafios modernos.
Um dos maiores inimigos da saúde pública hoje é praticamente invisível a olho nu, mas tem causado impacto alarmante: o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Em 2025, Minas Gerais já registrou 32.248 casos prováveis de dengue, com um coeficiente de incidência de 151,2 casos por 100 mil habitantes.
Por meio das secretarias municipais de saúde e dos consórcios intermunicipais, essas cidades apostam em inteligência artificial e drones para identificar potenciais focos do Aedes aegypti, vetor da doença. O avanço permite um mapeamento preciso de áreas de risco, otimizando o trabalho das equipes de combate ao mosquito e tornando as ações mais eficazes.

Como funciona o monitoramento inteligente?
O projeto utiliza drones equipados com câmeras de alta resolução para sobrevoar bairros e regiões urbanas e capturar imagens detalhadas. Os registros são analisados por um sistema de inteligência artificial que identifica potenciais focos do mosquito, como acúmulo de água parada em terrenos baldios, calhas entupidas, caixas d’água abertas, pneus descartados irregularmente e outras áreas propícias para a proliferação do Aedes aegypti.
Com essas informações, as prefeituras conseguem montar um banco de dados atualizado para que as equipes de vigilância sanitária atuem de maneira mais ágil e direcionada, eliminando criadouros antes que o problema se agrave.
Segundo Renato Mafra, diretor de operações da Aero Engenharia, o grande diferencial da iniciativa é a precisão na tomada de decisões. “Antes, as ações de combate à dengue dependiam de inspeções manuais e denúncias da população, o que tornava o processo mais demorado e menos eficiente. Agora, conseguimos identificar pontos críticos rapidamente e agir antes que os focos se transformem em novos casos da doença“, destaca.
Os números já demonstram o impacto da iniciativa. Contratados pelo consórcio ICISMEP, em Ouro Preto, dos 1.523 hectares contratados para monitoramento, 600 já foram analisados. Em Mariana, 1.249 hectares estão sob vigilância, com 527 já mapeados. Nova Lima incluiu 2.200 hectares na cobertura tecnológica, sendo que 174,97 hectares já passaram por análise e outros 286,23 estão programados para este mês.