Breno Machado é parte de uma nova geração de profissionais brasileiros que exportam talento e criatividade em formato digital. Produtor musical e criador de conteúdo, ele transformou a rotina de gravações locais em uma operação internacional de serviços, atendendo artistas, marcas e produtores de diversos países por meio de plataformas como Fiverr, Wise e Payoneer. “No início, eu queria só complementar a renda. Hoje, mais da metade do meu faturamento vem de fora do Brasil”, conta.
O caminho começou de forma intuitiva. Durante a pandemia, Breno decidiu apostar em plataformas globais de freelancing e percebeu que poderia competir em qualidade e entrega com produtores de qualquer parte do mundo. “Quando recebi em dólar pela primeira vez, percebi o potencial real. A economia digital te obriga a pensar em sustentabilidade financeira e em reserva de mercado”, explica. O aprendizado levou-o a investir parte dos ganhos em educação financeira e a criar uma estrutura de trabalho mais sólida. “Depois que construí minha reserva, comecei a guardar 20% de tudo o que recebia. Isso mudou completamente minha relação com o dinheiro”, afirma.
A virada não foi apenas financeira. Com a consolidação do trabalho remoto, Breno entendeu que sua presença digital também seria um ativo de negócio. No YouTube, passou a compartilhar experiências sobre produção, carreira e rotina criativa. “Eu sempre tive orgulho das minhas conquistas e percebi que contar minha história poderia inspirar outros músicos. Se o olho gordo existisse, nenhuma picanha chegava à mesa”, brinca.
Hoje, Breno combina múltiplas frentes: é produtor de trilhas, sound designer, mentor de músicos e criador de conteúdo sobre economia criativa. Ele vê o avanço da inteligência artificial como uma aliada e não uma ameaça. “A IA é um ponto de partida, não o produto final. Uso para gerar ideias, mas o toque humano é o que dá vida ao som. Boa parte do meu trabalho hoje é refazer coisas que a IA gerou sem alma”, diz.
Para ele, o maior desafio dos músicos brasileiros ainda é acreditar no próprio potencial de exportar. “A galera de BH é muito talentosa, mas falta paciência para entender o mercado. Eu não estou no top 10 de músicos que conheço, mas estou no top 3 dos que mais faturam”, revela. Com humor e disciplina, Breno construiu uma trajetória que conecta Minas ao mundo, provando que é possível viver da arte em escala global — sem deixar o sotaque nem o ritmo de casa para trás.
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