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Dor pós-atividade física é sinônimo de treino eficaz?

Tempo de leitura: 5 min

em 17/04/2025

Dor pós-atividade física é sinônimo de treino eficaz?

“Sem dor, sem ganho”. Essa é uma das premissas mais conhecidas no mundo fitness. Existe uma crença generalizada entre praticantes de atividade física de que, se não há dor após o treino, é sinal de que o corpo não está evoluindo ou que os músculos não foram trabalhados suficientemente para ganhar força. Mas será isso verdade ou apenas um mito?

O coordenador da UPX Sports (complexo esportivo localizado no campus Ecoville da Universidade Positivo), Zair Cândido, esclarece que a dor pode, sim, ser uma resposta inflamatória natural do corpo após a atividade física  —  um sinal de que o músculo foi estimulado. “O exercício gera pequenas lesões nas fibras musculares, chamadas microlesões, que são importantes para o processo de recuperação. Com descanso,  alimentação e hidratação adequados, esse músculo se regenera mais forte para os próximos treinos”, explica. 

No entanto, Zair alerta que é preciso observar o grau da dor e o tempo necessário para a  recuperação. “O desconforto pode fazer parte desse processo inflamatório, especialmente quando a carga ultrapassa o que o músculo está acostumado a suportar. Contudo, a dor, por si só, não é sinônimo de qualidade de treino. Por isso, carga e intensidade devem ser sempre monitoradas”, ressalta.

O que são as dores musculares pós-treino e por que elas acontecem?

A dor que surge após exercícios físicos é conhecida como DOMS (Delayed Onset Muscle Soreness), ou dor muscular tardia. Normalmente aparece entre 12 e 48 horas após o treino, podendo durar até 72 horas, dependendo da intensidade das atividades realizadas. 

Segundo o especialista, essa sensação acontece por conta das microlesões nas fibras musculares que surgem durante o esforço físico. “As fibras musculares são compostas por actina e miosina, proteínas que realizam um movimento de deslizamento durante as contrações.  Quando o esforço é muito intenso, tanto em atletas quanto em sedentários, ocorrem pequenas rupturas nas fibras”, explica. Para pessoas sedentárias, essa dor costuma ser mais intensa, pois a musculatura ainda não está adaptada ao  esforço. Outro fator relevante é o tipo de contração muscular realizada. Quando aproximamos a articulação do centro do corpo, ocorre uma contração concêntrica, com encurtamento do músculo. Já no movimento inverso, quando afastamos a extremidade do centro do corpo, ocorre uma  contração excêntrica, em que o músculo se alonga sob carga. Esse segundo tipo de contração gera mais rupturas e, consequentemente, costuma provocar mais dor muscular”, completa. 

O que pode ser feito após o treino para minimizar as dores?

Segundo Zair Cândido, a maneira mais eficiente de evitar dores musculares intensas após o treino é controlar a intensidade dos exercícios, adotando uma programação semanal bem estruturada que permita monitorar as cargas e prevenir sobrecargas. Uma prática recomendada é realizar alongamentos leves ao fim da atividade, proporcionando relaxamento muscular. “É importante também se hidratar bastante, garantindo uma reposição hídrica adequada, o que contribui para reduzir as dores. Além disso, uma alimentação equilibrada logo após o treino é fundamental”, orienta. O especialista ressalta o papel das proteínas nesse contexto: “As proteínas são compostas por aminoácidos, que auxiliam na reparação das fibras musculares. Por isso, fazer uma refeição ou suplementação rica em proteínas até 45 minutos após o treino ajuda significativamente a minimizar as dores.”

Zair também menciona que, em alguns casos, o acúmulo de ácido lático pode intensificar o desconforto muscular. “Para essas situações, é recomendada a recuperação ativa, como uma caminhada leve. Outras estratégias eficazes incluem crioterapia, aplicação de gelo ou imersão em  banheira fria, procedimentos que promovem vasoconstrição intensa e ajudam a diminuir processos inflamatórios.” 

Quais as principais diferenças entre dores musculares normais e lesões?

A dor muscular após o treino pode durar até 72 horas, diminuindo progressivamente — especialmente se houver respeito ao intervalo ideal de recuperação entre os treinos. Sentir incômodo leve a moderado é comum e esperado, desde que não prejudique os movimentos nem interfira na rotina de exercícios. No entanto, o especialista alerta para sinais que podem indicar uma lesão muscular: “Quando a dor é muito aguda ou o desconforto é intenso, a ponto de impedir tarefas simples como descer escadas, sentar ou andar normalmente, pode ser indicativo de que a intensidade do treino foi excessiva”, explica. Esses casos costumam vir acompanhados de inchaço, rigidez extrema ou pontadas agudas, demonstrando que o músculo não está plenamente recuperado. “Nesse cenário, há risco aumentado de ruptura das fibras musculares, que ficam mais frágeis e suscetíveis a lesões”, completa Zair.

Diante desses sintomas, a recomendação é buscar orientação profissional o quanto antes para realizar uma avaliação adequada. “É fundamental identificar rapidamente se há lesão e definir o melhor tratamento possível”, enfatiza o coordenador da UPX Sports.

Quais estratégias ajudam a prevenir a dor muscular após o treino?

A maneira mais eficiente de evitar dor muscular tardia é adotar um treino bem planejado, com objetivos claros, controle da intensidade e inclusão de atividades regenerativas, fundamentais para a recuperação muscular adequada. “Costumamos dizer que é essencial praticar um treino inteligente, com equilíbrio entre estímulo e recuperação para reduzir desconfortos”, destaca Zair Cândido. 

Outros fatores igualmente importantes são o descanso adequado, especialmente uma boa noite de sono, que permite à musculatura se recuperar plenamente, e uma alimentação equilibrada. Hidratação adequada também faz toda a diferença nesse processo”, enfatiza o especialista. Zair reforça ainda a importância de respeitar os intervalos entre as sessões de treino, fazer aquecimentos antes das atividades e preparar o corpo com atenção especial às articulações, aos ligamentos e à circulação sanguínea muscular. Por fim, o especialista orienta os iniciantes a começar com cargas mais leves e evoluir gradualmente, respeitando os limites do corpo e construindo capacidade física de forma consistente e segura. 

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