As praças e cidades históricas de Minas Gerais sempre ecoaram os acordes das bandas de música, verdadeiros símbolos da identidade cultural do estado. Em 2025, esse legado atinge outro patamar com a realização do 1º Encontro Estadual de Bandas de Minas Gerais, que acontecerá no dia 22 de novembro, no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. O evento marca um passo importante na valorização dessa tradição, reafirmando o papel das formações musicais na preservação da memória e da identidade cultural mineira.
O Encontro é viabilizado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) e CEMIG, patrocinadora do evento. A iniciativa reflete o compromisso das instituições públicas em fortalecer as manifestações que moldaram o imaginário cultural do estado. A programação conta, além dos concertos em espaços públicos, com ações formativas, como a roda de conversa “História de Formação de Bandas Civis e Marciais e a oficina “Vivências em Banda de Música”, ambas realizadas no IEPHA (Circuito Cultural Praça da Liberdade), além de feira gastronômica de produtos mineiros. As ações formativas visam fortalecer a sustentabilidade dos grupos musicais e criar oportunidades de qualificação, promovendo o intercâmbio entre regentes, maestros e estudiosos da área. “Queremos que os músicos saiam daqui inspirados e preparados para continuar essa trajetória de resistência cultural”, reforça Frederico Teixeira, um dos idealizadores do evento. Toda a programação é gratuita, com estrutura acessível e espaço pet friendly.
De acordo com Adriano Silva, representante do IEPHA-MG, o encontro é um marco na valorização de um dos legados mais significativos da cultura mineira. “As bandas de música são parte da alma de Minas Gerais. Elas atravessam gerações, unem comunidades e mantêm viva uma tradição que forma músicos e cidadãos. Reconhecer esse patrimônio é reconhecer a história viva do nosso povo”, destaca. Para ele, o evento vai além da celebração: é também um momento de fortalecimento e continuidade de um saber coletivo transmitido de forma oral, comunitária e solidária ao longo dos séculos.
Rumo ao reconhecimento como Registro Imaterial
Com raízes que remontam ao período colonial, as bandas de música mineiras sempre foram símbolos de educação, cidadania e pertencimento. Elas acompanham, ao longo do tempo, procissões religiosas, festas cívicas e manifestações populares, conferindo som e emoção à história de Minas Gerais. Por sua relevância social e artística, o IEPHA-MG iniciou, em 2024, o processo de inventário e registro dessas formações como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, extenso trabalho que envolve realização de entrevistas, registros audiovisuais, levantamento de repertórios e elaboração de um dossiê técnico que embasará o reconhecimento oficial.
Essa conquista é comemorada por toda a comunidade musical. “Cada banda é uma escola viva, uma pequena orquestra de afetos e tradições. Reconhecer esse trabalho é dar visibilidade ao que sustenta a cultura de base, aquela que forma artistas, emociona e une as pessoas”, afirma o maestro Fred. Segundo ele, o encontro simboliza o reencontro entre gerações, saberes e sonoridades que representam o que Minas tem de mais autêntico: a força do coletivo e a potência da música.
Para a idealizadora e organizadora Roberta Prochnow, o evento é também um gesto de reconhecimento da força das comunidades. “Mais do que um festival, é um encontro de pertencimento. As bandas representam o talento do interior e a expressão mais genuína da nossa mineiridade”, afirma. Segundo ela, a proposta é que o evento se consolide no calendário cultural do estado e se torne um espaço permanente de valorização, formação e troca.
O Encontro também evidencia os desafios enfrentados por muitos grupos, que convivem com falta de recursos, dificuldade de renovação de integrantes e manutenção de instrumentos. Ao promover a visibilidade das bandas, busca abrir caminhos para novas políticas públicas e editais de fomento, garantindo a manutenção da tradição.
Para o maestro Fred, o encontro nasce com vocação para se tornar referência no calendário cultural de Minas Gerais. “Queremos que este seja o primeiro de muitos encontros. Minas tem mais de 700 bandas ativas — cada uma com sua história, sua sonoridade e seu papel na comunidade. Este é um passo para garantir que todas sejam vistas, ouvidas e valorizadas”, afirma.