De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), analisada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG e aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) em Belo Horizonte, o nível de endividamento das famílias em outubro aumentou 0,9 ponto percentual atingindo 88,7% dos consumidores.
As famílias com contas em atraso somaram 63,5% em outubro o que representa elevação de 2,1% na comparação mensal. Já o número dos que não terão condições de quitar as dívidas no mês seguinte somou 23,4%. Famílias superendividadas, que comprometem mais da metade do orçamento mensal com o pagamento de dívidas, somaram 23,7% em outubro ante 22,5% em setembro.
De acordo com a PEIC, 40,1% dos entrevistados consideravam-se pouco endividados em outubro, esse percentual era de 47,2% em setembro. Os compromissos financeiros investigados na pesquisa são cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro, seguros, entre outros.
Aqueles que se disseram mais ou menos endividados somaram 28,9% e os muito endividados, 19,7%, eram 16,0% no mês anterior. Já as dívidas das famílias no cartão de crédito tiveram recuo chegando a 95,5%, quando, em setembro, esse tipo de endividamento atingia 96,3% delas.
Conforme a pesquisa, 63,5% das famílias belo-horizontinas estavam com contas atrasadas em outubro, 2,1% acima do percentual verificado em setembro. A inadimplência é maior entre as famílias com renda até 10 salários em que as contas atrasadas atingem 65,7%. Entre as famílias com renda maior do que essa faixa, a inadimplência chega a 50,3%. Entre os consumidores endividados, 71,6% ainda não conseguiram honrar seus compromissos e estão com dívidas em atraso.
Fernanda Gonçalves, economista da Fecomércio MG, destaca que o valor de 63,5% dos consumidores com contas em atraso é o maior da série histórica. Para a economista, “esse cenário é agravado pela elevada taxa de juros, que encarece o crédito e dificulta a renegociação das dívidas, mas apesar da alta inadimplência, o índice dos que não terão condições de pagar, desacelerou 2,7 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024, sinalizando possível influência de um mercado de trabalho aquecido, que tem sustentado a renda de parte dos consumidores e evitando uma deterioração ainda maior da capacidade de pagamento. Ainda assim, o comprometimento médio de 31,8% da renda mensal com dívidas e o atraso superior a 90 dias em 42,3% dos casos indicam uma situação financeira delicada, especialmente entre famílias com renda de até 10 salários-mínimos”, explica Gonçalves.
No total, 23,4% das famílias disseram acreditar que não terão condições de quitar os compromissos financeiros em atraso em novembro – em setembro, o percentual era de 20,5%. O índice é maior em famílias com renda igual ou inferior a dez salários-mínimos (25,3%) em comparação com as de maior salário (13,5%). Considerando os indivíduos com dívidas atrasadas, 36,9% consideram que não terão condições de honrar com os compromissos adquiridos.
Conforme 42,3% das famílias, as contas estão vencidas há mais de 90 dias e o pagamento das dívidas, em média, está atrasado há 60,1 dias. No geral, 76,6% das famílias da capital possuem compromissos financeiros por tempo igual ou superior a 90 dias e o tempo médio de comprometimento da renda é de 7,2 meses. Em média, as dívidas comprometem 31,8% do orçamento do mês.