
Existe algo no tempo que nenhuma tecnologia é capaz de simular. É o som das conversas que atravessaram décadas, o aperto de mão que virou confiança, o olhar atento que decifra silêncios e transforma ruídos em diálogo. Há quem diga que na comunicação tudo mudou e, é verdade! Mas há também aquilo que nunca deixou de ser essencial: a força e o poder do relacionamento.
E é nesse ponto que mora o valor dos comunicadores 50+. Profissionais que, assim como eu, aprenderam a contar histórias antes que os algoritmos decidissem quem as ouviria. Que sabem que uma boa pauta não nasce apenas de um release bem escrito, mas de uma rede construída tijolo por tijolo, feita de empatia, ética, credibilidade e muitas risadas!.
O mercado, às vezes, parece esquecer disso. Parece encantado com a velocidade, com a viralização, com os dados que piscam nas telas. Mas a verdade é que, por trás de toda essa velocidade, ainda há espaço para quem sabe fazer comunicação olhando nos olhos, mesmo que os olhos hoje estejam atrás de uma tela.
E os números estão aí para confirmar que não somos passado, somos presente e, cada vez mais, futuro. O Brasil tem hoje mais de 30 milhões de pessoas acima dos 50 anos economicamente ativas, segundo o IBGE. No universo da comunicação, dados do portal Comunique-se mostram que 28% dos jornalistas e assessores de imprensa em atividade já passaram dos 50.
E tem mais: segundo a plataforma Workana, mais de 35% dos freelancers de comunicação e marketing na América Latina têm mais de 45 anos, mostrando que muitos seguem ativos, empreendendo, inovando e se reinventando. Afinal, não é porque conhecemos o mundo analógico que deixamos de dominar o digital.
O que muda, talvez, seja o ritmo. Aprendemos que não é preciso correr o tempo todo. Sabemos que, às vezes, é no passo mais lento que se enxerga o que passa despercebido para quem está apenas acelerando.
Nas assessorias de comunicação, essa bagagem não tem preço. Somos ponte entre o cliente e a imprensa, mas somos também bússola, mapa e farol. Sabemos onde pisa, o que dizer, como dizer e, principalmente, quando é mais estratégico não dizer nada.
E nas redações, que hoje vivem sob a pressão do tempo, dos cortes e dos algoritmos, a presença de um assessor experiente não é detalhe, é diferencial competitivo. Dados do Observatório da Comunicação Institucional revelam que 78% dos jornalistas preferem lidar com assessores experientes, que entendem sua rotina, seus prazos e suas necessidades.
Talvez a nossa maior habilidade seja essa: transformar complexidade em clareza. E fazer isso com respeito, sensibilidade e senso de oportunidade.
A tecnologia nos trouxe ferramentas incríveis. A inteligência artificial acelera processos, sugere caminhos, cruza dados. E nós? Nós seguimos fazendo aquilo que ela ainda não sabe fazer: construir pontes humanas. Aquelas que não se medem em cliques, mas em confiança.
Por isso, quando me perguntam sobre o lugar dos comunicadores 50+ no mercado, eu respondo sem hesitar: somos necessários. Não como peça de museu. Não como memória afetiva. Mas como profissionais que carregam repertório, visão, capacidade analítica, sensibilidade, ética e uma rede de relações que nenhum robô consegue replicar.
Se há uma coisa que o tempo me ensinou é que comunicar não é só informar. É cuidar da palavra, da intenção e da conexão. E nesse ofício de transformar vozes em pontes, nós, comunicadores 50+, seguimos absolutamente indispensáveis.

Robhson Abreu
CEO Grupo PQN
Presidente da Associação dos Blocos de Rua de BH (ABRA BH)
Membro do Conselho Estadual de Turismo de Minas Gerais
Diretor Administrativo da Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo Secção Minas Gerais (Abrajet-MG)
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