
O Complexo Cultural Funarte MG recebe novamente o espetáculo O Som do Mundo Desmoronando, com dramaturgia coletiva, orientada e dirigida pelo Prof. Dr. Altemar Di
Monteiro e livremente inspirado nos escritos de Paul B. Preciado e Achille Mbembe. Dessa vez, a peça tem entrada franca e integra a Programação do 19º Festival de Verão da UFMG
e fica em cartaz de 21 a 23 de março (sexta a domingo), sempre às 19h30.
Com 21 atuantes em cena, a obra propõe uma experiência sensorial intensa, na qual corpos em movimento dialogam com o silêncio e um design sonoro envolvente. A proposta bilíngue (português/libras) transcende a acessibilidade, buscando acolher tanto corpos ouvintes quanto surdos, criando uma dramaturgia que se debruça sobre o ruir e o reconstruir, ouvir e não ouvir.
Em diálogo com o conceito de disphoria, cunhado por Preciado, a peça explora a noção de inadequação para refletir sobre uma dimensão existencial que define nosso tempo e reafirmar que corpo e mundo nunca estiveram separados.
No palco, narrativas de resistência (e sua cooptação neoliberal) se entrelaçam com reflexões sobre a devastação ecológica e humana, compondo um mosaico de utopias e descrenças que ressoam no agora. A criação toma como inspiração o cortejo zapatista realizado nas ruas México em dezembro de 2012, explorando as perguntas que ele ecoa: o que é necessário desmoronar para que outro mundo possa emergir? A pergunta não é se as estátuas devem ou não cair. A questão é decidir o que fazer com os escombros.

A montagem conta com a parceria da BH Em Libras através de projeto de pesquisa em orientação com o Professor Altemar Di Monteiro. Nas ruínas de um tempo em transição, baratas, pássaros, ativistas, bombeiros, cientistas, fotógrafos, eletricistas, intérpretes, produtoras culturais, atores, atrizes e outros seres insólitos constroem territórios de insurgência e criação. Questionando o imaginário brutalista e inspirades na luta zapatista, “O Som do Mundo Desmoronando” é mais que um espetáculo: é um manifesto poético.
Convoca o público a escutar o caos, perceber os escombros e imaginar novos voos. Entre o desmoronamento e a reconstrução, esta obra performativa é um convite para sonhar:
mesmo com asas quebradas. Segundo o professor Altemar Di Monteiro, diretor da primeira montagem no curso após sua recente chegada na Graduação em Teatro da UFMG, a peça possui uma importância singular ao reafirmar a relação intrínseca entre poética e pedagogia teatral. “O processo criativo dessa peça ofereceu ao elenco uma imersão em diversas camadas do
fazer teatral: da criação de uma dramaturgia colaborativa ao aprofundamento no trabalho de ator e atriz, passando pela concepção de visualidades e, principalmente, pelos debates sobre teatro performativo e segurança cênica. Discutimos, além de teorias do processo criativo em teatro, normas técnicas dos equipamentos e a relação com a produção cultural
de forma integrada”, destaca Di Monteiro.
Para o professor, dramaturgo e encenador, “uma graduação em teatro forma, acima de tudo, trabalhadores da cultura. Estamos preparando pessoas que poderão decidir os
rumos das artes e da cultura no país. Para isso, é indispensável um processo continuado que articule teoria e prática, permitindo uma formação sólida para futuros artistas e professores de teatro”.
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