De 11 a 21 de setembro, as cidades históricas mineiras de Tiradentes, São João del Rei e Bichinho (Vitoriano Veloso) recebem a 14ª edição do Festival Artes Vertentes, um dos principais eventos internacionais multidisciplinares do Brasil. Sob a proposta curatorial “Entre as margens do Atlântico”, o festival reúne música, literatura, teatro, cinema, artes visuais e ações formativas, criando um circuito cultural que conecta os três municípios e incentiva a fruição completa do programa.
O evento reafirma seu compromisso de transformar Tiradentes em um território de encontros e de fomento à criação contemporânea, marca presente desde a primeira edição. A programação inclui obras concebidas especialmente para o festival, como O boi voador, de André Mehmari, e montagens inéditas, entre elas o espetáculo teatral Ópera Poeira, de Jean d’Amérique, protagonizado por Juçara Marçal.
O Artes Vertentes integra oficialmente a Temporada Cultural França-Brasil 2025, que comemora 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países, sendo um dos poucos projetos sediados no interior a fazer parte dessa agenda.
Entre as margens do Atlântico
Assinada por Luiz Gustavo Carvalho, a curadoria investiga o Atlântico como espaço de transmissão e ressignificação cultural, com destaque para artistas que dialogam com memórias individuais e coletivas da diáspora africana, propondo novas narrativas históricas.
O festival derruba divisões tradicionais entre “erudito” e “popular” ao aproximar congados mineiros de obras de Maurice Ravel, cuja música carrega influências do jazz e de ritmos africanos. Também promove intersecções entre linguagens, como exibições de filmes com trilhas executadas ao vivo e performances literárias em espaços expositivos.
“O Festival Artes Vertentes é um convite para cruzar margens – geográficas, artísticas e históricas – refletir sobre o passado, mas também celebrar as pontes que unem Brasil, África e Europa”, afirma Carvalho. “Com uma programação que ocupa igrejas, praças e solares históricos, Tiradentes se transforma em um palco para discutir memória, gentrificação e resistência.”
Criado em 2012 por Carvalho e Maria Vragova, o festival é realizado pela Ars et Vita e pela Associação de Amigos do Festival Artes Vertentes, com patrocínio da CEMIG, Itaú e Minasmáquinas e apoio do Instituto Francês e Instituto Guimarães Rosa. Reconhecido por sua programação multidisciplinar e pelo impacto de suas ações sócio-educativas contínuas, o Festival Artes Vertentes já recebeu mais de 90 mil visitantes desde sua primeira edição.
Programação e espaços
As atividades se distribuem por oito espaços: Centro Cultural Yves Alves (CCYA), Galeria e Jardim do IPHAN, Galeria Nícia Braga, Largo e Museu de Sant’Ana, Casa Museu Padre Toledo, Igreja São João Evangelista, Igreja da Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Taberna d’Omar, além das atividades em São João del Rei e Bichinho.
Com exceção de alguns concertos nas Igrejas, a maior parte da programação é gratuita e aberta a visitantes e à comunidade local, incluindo momentos de interação, como os Cafés Literários e o Ciclo de Ideias.
Cafés Literários
Realizados em parceria com a Livraria Quixote, que ocupará o Centro Cultural Yves Alves (CCYA) e a Taberna d’Omar, onde acontecem os encontros, os Cafés Literários trazem conversas e sessões de autógrafos com autores que lançam livros no festival. Entre os confirmados estão Jean D’Amérique, Léonora Miano, André Capilé e Edimilson de Almeida Pereira.


