Dezembro é tempo de celebração e das esperadas festas de Natal e Ano Novo. No entanto, para muitos cães, esse período pode ser especialmente desafiador por conta dos fogos de artifício. Embora em diversas cidades o uso de fogos – principalmente os com estampido – já seja restrito ou até proibido, em muitos lugares eles ainda fazem parte das comemorações. Para cães que têm medo desses ruídos intensos e imprevisíveis, a prática pode gerar estresse, ansiedade e até episódios de pânico.
Mas por que esse medo ou mesmo fobia é tão comum? Os cães têm uma audição muito mais aguçada do que a dos humanos, sendo capazes de perceber sons a longas distâncias e em frequências diferentes. Durante a queima de fogos, eles tendem a não compreender a origem ou a intenção daquele barulho repentino, interpretando-o como uma ameaça. Isso desperta insegurança e desconforto. É comum que os cães tentem se esconder e, em situações mais graves, a fobia pode provocar fugas ou acidentes sérios.
Por isso, o primeiro passo para tornar as festividades mais tranquilas para o pet é observar se ele demonstra sinais de medo diante dos fogos de artifício. Caso isso aconteça, é importante que o tutor adote algumas medidas que contribuam para o bem-estar do animal e o ajudem a enfrentar esse período com mais segurança e conforto.
Para ajudar os tutores nessa missão, o médico-veterinário Claudio Rossi, gerente técnico da Unidade de Animais de Companhia da Ceva Saúde Animal, listou seis dicas importantes. Confira:
- Atente-se ao comportamento do pet
O medo de fogos pode surgir em qualquer fase da vida. Fique atento a sinais como tremores, rabo entre as pernas, corpo curvado, orelhas abaixadas, lambedura dos lábios e focinho, busca por esconderijos, latidos excessivos ou tentativa de ficar muito próximo ao tutor quando da ocorrência de barulhos ou estampidos. Alguns cães podem até mesmo demonstrar agressividade por estresse.
- Faça associações positivas
O ideal é que, ao longo da vida, o cão seja exposto gradualmente a sons semelhantes aos de fogos, criando associações positivas. Isso funciona ainda melhor na infância, fase em que o animal está mais aberto a novidades. Assim, ele tende a interpretar o barulho como algo menos ameaçador. Nos casos em que o cão já demonstra medo, pode ser realizado treinamento de dessensibilização e contracondicionamento aos barulhos, expondo-o a ruídos artificiais, dentre outras práticas auxiliares, como exercícios de relaxamento.
- Gastar energia é importante
O acúmulo de energia pode aumentar o estresse. Em dias festivos, tente oferecer atividades físicas e mentais extras. Um pet mais cansado tende a ficar mais relaxado no período noturno, quando geralmente ocorre a queima de fogos.
- Prepare o ambiente
Durante os fogos, mantenha o cão em um local seguro e familiar, onde o ruído externo seja minimizado. Fechar janelas e cortinas, colocar uma música ambiente relaxante um pouco mais alta e fones de ouvido para cães podem ajudar a abafar o barulho. Além disso, feromônios sintéticos que simulam o odor materno canino – transmitindo ao animal uma sensação natural de conforto, bem-estar e tranquilidade – são indicados. Eles podem ser utilizados no ambiente antes e durante os fogos, auxiliando na redução do estresse e promovendo uma adaptação mais tranquila.
- Distraia o pet
Com o ambiente preparado, ofereça brinquedos e petiscos especiais para o cão, além de enriquecimento ambiental. Isso ajuda a tornar o momento menos assustador e cria uma associação positiva.
- A companhia do tutor é fundamental
Ficar próximo do pet faz diferença. Alguns cães vão pedir colo, outros apenas desejam estar ao lado de quem lhes transmite segurança. A simples presença do tutor ajuda a reduzir a ansiedade, aliado a uma atitude calma e cuidadosa.
“Vale ressaltar que, mesmo com associações positivas desde filhote, alguns animais podem desenvolver medo ao longo da vida – e tudo bem. Em casos de fobia, é recomendado buscar auxílio profissional de veterinário comportamentalista para avaliar as melhores alternativas de manejo e tratamento, o que pode incluir a necessidade de associação de psicofármacos, sempre priorizando o bem-estar do animal”, orienta Rossi.
Com preparo, atenção e as técnicas corretas, é possível tornar as festas de fim de ano muito mais tranquilas para os cães sensíveis ao barulho dos fogos, garantindo que todos celebrem com mais harmonia.



