Áurea Carolina, Andréia de Jesus, Débora Silva e Sandra Goulart são alguns dos nomes que compõem a programação do encontro. Mulheres realizam ato público no domingo, 19/5, na Feira de Artesanato da Av. Afonso Pena.
Belo Horizonte, 14 de maio de 2024 – Há 18 anos, em maio de 2006, acontecia uma das maiores chacinas da história brasileira: os Crimes de Maio, que vitimaram mais de 500 pessoas na Baixada Santista, em São Paulo. Para marcar a data, entre os dias 15 e 19 de maio acontece, em Belo Horizonte, o Encontro Nacional de Redes de Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado 2024.
Além de debates entre mulheres integrantes das Redes, o Encontro tem dois importantes momentos abertos ao público: a solenidade de abertura, na sexta-feira, 17/5, e uma intervenção artística de luta, no domingo, 19/5, durante a tradicional Feira de Artesanato da cidade. Fruto da parceria com o Movimento Nacional Mães de Maio, o Mães de Maio MG e a Rede Mães de Luta, o evento é promovido pela AIC – Agência de Iniciativas Cidadãs. A programação completa pode ser conferida abaixo.
A Mesa Solene de Abertura será realizada no Centro de Referência das Juventudes (Rua Guaicurus, 50 – Centro), com entrada franca. Entre 9h30 e 12h, a mesa de abertura discutirá a importância da luta das mulheres no enfrentamento das violências que vitimam a população negra no Brasil. Participam representantes de Redes de Mães e Familiares de diversas localidades brasileiras, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, a deputada estadual de Minas Gerais Andréia de Jesus, a ex-deputada federal Áurea Carolina, a reitora da UFMG, Sandra Goulart, e a pesquisadora da Universidade de Harvard Yanilda Maria González.
Já no dia 19/5, das 10h às 12h, o Ato Público de Luto e Luta será realizado em frente à Prefeitura Municipal (Av. Afonso Pena, 1212 – Centro) e contará com a instalação artística Chorar os Filhos, construída pela artista plástica Nina Caetano e por mães que tiveram seus filhos assassinados. A instalação é um grande vestido-mortalha constituído por retalhos com depoimentos das mulheres sobre o seu luto e a sua luta. As mulheres também levarão para o ato silhuetas de corpos que evocam os filhos e filhas assassinados, balões vermelhos que serão lançados ao céu em memória das vítimas e estandartes com os lemas da luta.
Participam do Encontro importantes Redes de Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado, como: o Movimento Independente Mães de Maio (SP), que surgiu na Baixada Santista, em 2006, e hoje tem abrangência nacional; a Rede Mães de Luta (MG), uma articulação de 30 grupos, coletivos e entidades protagonizadas por mulheres, nascida em 2019; e a Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência de Estado da Baixada Fluminense (RJ), coletivo criado pelas mães e familiares de vítimas da Chacina da Baixada, ocorrida em 2005.
O Encontro é promovido pela AIC – Agência de Iniciativas Cidadãs, em parceria com Movimento Independente Mães de Maio, Mães de Maio Minas Gerais e Rede Mães de Luta, por meio do projeto Periferia Viva Mulher – ano 2, com recurso do Ministério das Mulheres/Governo Federal, via emenda parlamentar indicada pela ex-deputada federal Áurea Carolina na Lei Orçamentária Anual de 2023.
Histórico
Desde os anos 1990, Redes de Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado atuam em todo o Brasil por Memória, Verdade e Justiça. Trata-se de iniciativas que lutam pelo fim da violência institucional e policial contra negros e pobres; denunciam violações de direitos, assassinatos e chacinas cometidos pela polícia; promovem o acolhimento e a solidariedade entre familiares e amigos de vítimas do Estado; e realizam a denúncia sistemática dos casos e o acompanhamento da situação de investigações e processos.
Há cerca de uma década, tais redes se encontram todos os anos para pensar ações conjuntas e dar visibilidade à sua causa. Os encontros acontecem sempre entre os dias 12 e 19 de maio, para assinalar o período em que aconteceram os Crimes de Maio. Uma das bandeiras das mães e familiares é que essa data seja reconhecida no calendário oficial dos estados e do país como a Semana Estadual de Luta das Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado.
A Semana já está vigente no Rio de Janeiro, em São Paulo e em alguns municípios. Em Minas Gerais, está em tramitação na Assembleia Legislativa o Projeto de Lei que institui a Semana (nº 1160/2019). O PL foi construído em interlocução com a Rede Mães de Luta e protocolado pela deputada estadual Andréia de Jesus.

Encontro Nacional de Redes de Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado 2024
Belo Horizonte, 16 a 19 de maio de 2024
Atividades abertas ao público – programação
17/5, SEXTA-FEIRA
Local: CRJ – Centro de Referência das Juventudes – Rua Guaicurus, 50 – Centro
Entrada franca
8h30 a 9h30 – Imagens de Luto e Luta
bandeiras, estandartes, bordados, livros, distribuição de materiais aos convidados.
10h a 12h – Mesa Solene de Abertura
Tema: A importância da luta das mulheres contra as violências que vitimam a população negra no Brasil.
Participantes:
- representantes dos Movimentos Mães de Maio (SP, MG e BA), Mães da Periferia (CE) e de Mães e Familiares Vítimas da Violência de Estado da Baixada Fluminense (RJ);
- Andréia de Jesus, deputada estadual de Minas Gerais;
- Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial;
- Áurea Carolina, diretora executiva da OSC Nossas e ex-deputada federal;
- Sandra Goulart, reitora da UFMG;
- Yanilda Maria González, pesquisadora da Universidade de Harvard.
Local: Prédio Anexo da Biblioteca Estadual de Minas Gerais – Rua da Bahia, 1889 – Centro
Entrada franca
14h a 17h – Painel Vozes da Dor
Apresentação da abordagem metodológica da pesquisa “Vozes da dor, da luta e da resistência das mulheres/mães de vítimas da violência de Estado no Brasil”
Componentes do painel:
- Raiane Assumpção, reitora da UNIFESP;
- Maria do Carmo Silveira (Kaká), coordenadora do Movimento Mães de Maio Minas Gerais;
- Débora Maria Silva, coordenadora do Movimento Independente Mães de Maio (SP);
- Mediação: Licinia Maria Correa, Pró-Reitora de Assuntos Estudantis da UFMG.
Pesquisadoras:
Débora Maria Silva (Movimento Independente Mães de Maio – Baixada Santista/SP), Raiane Assumpção (Unifesp), Yanilda Maria González (Universidade de Harvard), Nivia Raposo (Movimento de Mães e Familiares de Vítimas da Violência Letal do Estado – Baixada Fluminense/RJ), Rute Silva Santos (Movimento Mães de Maio Nordeste – Salvador/BA), Edna Carla Souza Cavalcante (Movimento Mães da Periferia – Fortaleza/CE), Aline Rocco Gomes (CAAF/Unifesp) e Valéria de Oliveira (CAAF/Unifes).
19/5, DOMINGO
Local: Feira de Artesanato de Belo Horizonte, em frente à Prefeitura Municipal – Av. Afonso Pena, 1212 – Centro
10h a 12h – Ato Público de Luto e Luta
Ato performático e de mobilização pelo enfrentamento da violência do Estado, com produções artísticas das redes de luta.
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