
Febre, dor, gripe, alergia. Ao primeiro sinal de incômodo, muitos brasileiros recorrem à automedicação ou misturam medicamentos e suplementos por conta própria, acreditando que estão reforçando a proteção do organismo. Mas o que poucos sabem é que essas combinações podem ser perigosas — e, em alguns casos, até anulam o efeito do tratamento ou provocam reações adversas graves.
Segundo especialistas da Farmais, rede nacional de farmácias, as interações medicamentosas ocorrem quando um remédio altera a ação de outro, o que pode potencializar, inibir ou modificar seus efeitos. A farmacêutica Dafne Estevão alerta que essa situação é mais comum do que se imagina, especialmente com medicamentos e suplementos de uso rotineiro.
“Muita gente combina paracetamol com outros analgésicos ou antigripais sem perceber que está duplicando doses ou sobrecarregando o fígado. O mesmo vale para quem toma antibióticos, antidepressivos ou remédios para o coração e usa suplementos como vitamina C, erva de São João ou ômega-3. São interações que podem prejudicar a saúde e passar despercebidas”, explica a profissional.
Entre os exemplos mais comuns estão os analgésicos (como paracetamol e anti-inflamatórios), que podem aumentar o risco de sangramentos quando usados com anticoagulantes, ou causar toxicidade hepática se combinados com bebidas alcoólicas ou outros remédios com o mesmo princípio ativo.
No caso dos antialérgicos, os de primeira geração — como a difenidramina — têm efeito sedativo e podem interagir com álcool, antidepressivos e ansiolíticos, intensificando a sonolência e afetando o sistema nervoso central. Já os antivirais e antifúngicos sistêmicos, por atuarem no fígado, podem alterar o metabolismo de medicamentos para o coração, imunossupressores e outros tratamentos contínuos.
Além disso, é comum que antibióticos como tetraciclinas e quinolonas tenham sua absorção prejudicada por laticínios ou suplementos com cálcio, ferro e zinco.
“Um exemplo clássico é tomar leite junto com antibiótico. Parece inofensivo, mas pode reduzir drasticamente a eficácia do remédio. Por isso, a orientação do farmacêutico é essencial”, reforça Dafne.
Outro ponto de atenção são os medicamentos para gripe e resfriado, muitas vezes associados a suplementos naturais como vitamina C, zinco e equinácea. Apesar da intenção de reforçar a imunidade, essas substâncias podem competir entre si ou causar sobrecarga hepática.
No campo da saúde mental, a combinação de antidepressivos e estabilizadores de humor com substâncias naturais também merece cautela. A erva de São João, por exemplo, pode interferir no metabolismo de diversos remédios, inclusive anticoncepcionais e anticoagulantes.
“O ideal é que todo novo medicamento ou suplemento seja informado ao farmacêutico. Ele pode avaliar se há risco de interação e orientar o melhor horário de uso, a alimentação adequada e possíveis ajustes na rotina do paciente”, finaliza a farmacêutica.
DICAS PARA EVITAR INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
- Nunca combine medicamentos sem orientação profissional
- Informe ao farmacêutico todos os remédios e suplementos em uso
- Cuidado com duplicidade de princípios ativos em remédios diferentes
- Evite álcool durante o uso de medicamentos
- Siga rigorosamente horários, dosagens e tempo de uso
- Leia a bula com atenção e tire dúvidas com o farmacêutico
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