Quando o assunto é fertilidade feminina, uma das dúvidas mais comuns em consultórios médicos diz respeito ao uso de anticoncepcionais. Afinal, o medicamento pode afetar as chances de uma gravidez futura? A resposta é não, conforme explica o ginecologista e especialista em reprodução assistida da Huntington Pró-Criar, Dr. João Pedro Junqueira Caetano.
“Os chamados anticoncepcionais ou pílulas não causam infertilidade, independentemente do tempo de uso. Porém, o remédio pode mascarar algumas doenças que levam à perda da fertilidade e, por isso, muitas pacientes só descobrem os sintomas quando suspendem o uso do medicamento para tentar engravidar“, afirma.
O especialista explica que o anticoncepcional impede que os folículos ovarianos da mulher, responsáveis por produzir e armazenar o óvulo, se desenvolvam e libere o gameta feminino. Em outras palavras, ele inibe momentaneamente a ovulação e, portanto, a fertilidade. Esse efeito não é permanente e pouco tempo após parar de usá-los, a mulher que estiver saudável e em idade reprodutiva voltará a ovular normalmente e estará totalmente apta a ter filhos.
“O que acontece em muitos casos é que os anticoncepcionais podem disfarçar os efeitos mais evidentes de doenças como a menopausa precoce, a endometriose e a síndrome dos ovários policísticos (SOP), que afetam diretamente a fertilidade de milhares de mulheres“, esclarece Dr. João Pedro.
Ainda segundo o médico, a recomendação para quem deseja ter filhos e tem histórico familiar dessas doenças, ou idade avançada, é procurar um médico para verificar seu potencial reprodutivo. “Nos casos em que há uma redução considerável de fertilidade, os tratamentos de reprodução assistida podem ser a opção mais viável para quem deseja engravidar”, completa.

Outros mitos e verdades da fertilidade
A culpa da infertilidade é sempre da mulher?
Não. Isso é um mito muito comum na sociedade, mas 40% das causas de infertilidade são relacionados a fatores femininos, outros 40% são relacionados à causa masculina e os 20% restantes são relacionados à infertilidade combinada do casal.
O relógio biológico é o maior inimigo da fertilidade?
Sim, é verdade. Após os 35 anos, as chances de gravidez mensal começam a diminuir de forma acentuada, principalmente por causa da redução na qualidade dos óvulos.
É possível fazer fertilização in vitro depois de ter feito laqueadura?
Sim. Aliás, esta é praticamente a única forma de uma mulher que fez laqueadura engravidar, a menos que ela faça uma cirurgia de reversão da laqueadura. No entanto, as chances de restabelecimento total da fertilidade são menores do que nos casos de reversão da vasectomia, que é feita no homem. A fertilização in vitro só é possível após a laqueadura porque, neste procedimento, o óvulo é fecundado pelo espermatozoide fora do corpo da mulher, ao contrário do que acontece na inseminação artificial, em que a fecundação ocorre diretamente na tuba. Dessa maneira, o sucesso da fertilização vai depender apenas de fatores externos, ligados à idade da mulher, à qualidade dos óvulos e dos espermatozoides coletados, bem como do endométrio da paciente.



