O câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais frequente entre os homens, atrás apenas do câncer de pele. No Brasil, a doença foi responsável por 17.093 mortes em 2023, o que equivale a uma média alarmante de 46 óbitos por dia, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde. Para o urologista e cooperado da Unimed-BH, Denilson Santos Custodio, a importância da detecção precoce e os avanços em terapias e tecnologias que estão transformando o tratamento da doença.
Segundo o urologista, dois fatores principais estão associados ao aumento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata: a idade e a predisposição familiar. “Homens com parentes de primeiro grau diagnosticados com a doença têm um risco três vezes maior. No entanto, quando diagnosticados precocemente, a taxa de cura pode alcançar até 95%”, afirma.
Historicamente, o tratamento do câncer de próstata carrega um estigma devido às altas taxas de incontinência urinária e disfunção erétil associadas às cirurgias, além dos efeitos colaterais severos das antigas radioterapias. Entretanto, com a modernização das técnicas cirúrgicas, dos equipamentos de radioterapia e das novas gerações de medicamentos, o cenário mudou drasticamente.
“Atualmente, as taxas de incontinência urinária pós-operatória estão em torno de 3%, e a recuperação da função sexual também melhorou significativamente, oferecendo uma qualidade de vida considerável aos pacientes”, comenta o especialista.
O urologista Denilson Santos Custodio explica os métodos de tratamento disponíveis:
- Tumores localizados – podem ser tratados com vigilância ativa (acompanhamento de tumores pouco agressivos), cirurgia, radioterapia ou braquiterapia com excelentes resultados. Nos últimos anos algumas terapias focais também surgiram como opções de tratamento.
- Tumores localmente avançados – normalmente são tratados com cirurgia + bloqueio hormonal (medicamentos) + radioterapia – também conhecida como Terapia Trimodal.
- Tumores metastáticos – são tratados com bloqueio hormonal, quimioterapia e às vezes com radioterapia para controle álgico das metástases ósseas.
Importância da avaliação
Custodio enfatiza ainda que apenas um especialista pode realizar uma avaliação adequada e indicar o tratamento mais apropriado, e que quanto mais precoce o diagnóstico, melhores são as chances de cura.
Além disso, o acompanhamento pós-tratamento é essencial para a detecção precoce de possíveis recidivas. “Os pacientes podem ter mais de uma chance de cura; a radioterapia após uma recidiva bioquímica é um exemplo disso. Portanto, a avaliação contínua por um urologista ou oncologista é crucial. Hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, prática de atividades físicas e momentos de lazer, são igualmente importantes não só para a recuperação, mas também para a prevenção de diversas outras doenças”, conclui o especialista.
Prevenção vai além do toque
A Sociedade Brasileira de Urologia aponta que apenas 50% dos homens que deveriam realizar esses exames realmente o fazem. “O estigma em torno do toque retal e as barreiras de acesso aos especialistas ainda afastam muitos homens da prevenção”, salienta.
O urologista destaca a relevância da Ressonância Magnética (RNM) e do Antígeno Prostático Específico (PSA) como ferramentas cruciais para o diagnóstico. O PSA é considerado um dos melhores marcadores tumorais devido a sua especificidade em relação à próstata e é frequentemente solicitado junto ao exame de toque retal. A RNM, por sua vez, é utilizada em casos de dúvida diagnóstica, PSA alterado ou para estadiamento do câncer, proporcionando uma avaliação mais precisa da condição do paciente.
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