Nascido da resistência, o “Projeto Ocupa FavelArte – Cultura, Cidadania e Memória da Periferia” é mais do que um espaço cultural: é uma ocupação viva, autônoma e pulsante, que transforma o território e amplia horizontes no Barreiro, em Belo Horizonte. O espaço foi criado com o objetivo de ser um ponto de encontro para pessoas fora da escala de privilégio, um local para estimular a liberdade criativa, oferecendo atividades formativas, culturais e de lazer, sempre de forma gratuita. As inscrições para diversas oficinas artísticas já estão abertas, e a primeira programação será realizada no dia 29 de maio:https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScGbqhIKOJk4waVqa9FxxIeAIbBHQnUrRxq7sEJRDYzz1BbDg/viewform
O FavelArte nasceu da luta. A pessoa idealizadora e gestora do projeto, Sabrina Dourado, mora em uma ocupação no bairro Vila Petrópolis, e transformou a resistência à ameaça de despejo em um potente movimento cultural. “Eu moro numa ocupação, e nós sofremos uma tentativa de despejo no ano passado. Então resolvemos resistir através de um sarau de resistência. Organizamos um movimento para ficar na casa, para não sermos despejados, e eu percebi que na minha garagem havia um ponto de cultura não explorado. Temos um espaço aqui, na mesma garagem, sabe? Mas que tem muito potencial”, conta Sabrina.
Após ganhar um prêmio do Edital Sérgio Mamberti, Sabrina investiu todo o recurso na construção e estruturação do espaço. “Foi a continuidade dessa luta, e não deixa de ser um investimento. Por isso o nome Ocupa FavelArte, porque a minha trajetória diz muito sobre esse lugar. Sou atriz, sou artista, mas sempre tive que sair do território para fazer arte, especialmente teatro, porque não havia um espaço aqui que atendesse às nossas necessidades artísticas”, acrescenta.
Oficinas abertas com foco em narrativas periféricas
Oficinas como Musicalidade para ação cênica, Breaking Dance, Expressão da Capoeira Angola e Práticas da Palhaçaria serão ofertadas pelo projeto entre os meses de maio e setembro.
A primeira ação do Ocupa FavelArte, “Oficina de Contação de Histórias”, será realizada no dia 29/05 e conduzida pelo artista e educador Evandro Nunes. Na oficina, os participantes irão explorar técnicas teatrais como ferramenta para narrar suas próprias vivências e histórias coletivas, sempre com foco nas identidades periféricas e na valorização das culturas marginalizadas.
Acessibilidade como princípio
A acessibilidade é um dos pilares fundamentais do projeto. “Quando falamos de acessibilidade, não estamos falando só de rampas ou legendas, embora isso também seja importante. Estamos falando de criar um espaço onde todas as pessoas se sintam pertencentes, onde possam circular, experimentar e criar sem medo ou constrangimento. Acessibilidade, pra gente, é sobre acolhimento e respeito às diferenças”, afirma a coordenação do projeto. Por isso, o espaço conta com acessibilidade arquitetônica, como banheiro para cadeirantes, profissional brincante para ficar com pessoas que cuidam de pessoas e uma profissional tradutora de Língua Brasileira de Sinais (Libras).
O Projeto “Ocupa FavelArte – Cultura, Cidadania e Memória da Periferia” é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Além das oficinas, o espaço realiza eventos culturais, rodas de conversa, saraus e mostras artísticas, fortalecendo a identidade e a memória do território.
Como participar
As oficinas são gratuitas e abertas a todas as pessoas interessadas, com prioridade para pessoas negras, periféricas, indígenas, quilombolas e LGBTQIAPN+, e as inscrições podem ser feitas via formulário online, disponível no link https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScGbqhIKOJk4waVqa9FxxIeAIbBHQnUrRxq7sEJRDYzz1BbDg/viewform, ou presencialmente, na sede do projeto.