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Palácio das Artes ganha exposição e site que resgatam história da instituição

No mês em que BH completa 128 anos, o Palácio das Artes – o maior equipamento cultural da capital mineira e um dos maiores da América Latina – recebe a exposição permanente “Espaço, Memória, Cultura e Patrimônio”, que convida o público a conhecer mais de perto a história da instituição. A mostra traz uma linha do tempo graficamente projetada em grandes painéis, que contêm textos e imagens dos principais acontecimentos que marcaram o espaço. Serão instaladas ainda sinalizações com QR Code que permitem ao visitante ter acesso às trajetórias de personalidades que contribuíram para construir a memória da instituição e dão nome a cada sala, monumento ou galeria do Palácio, como: Juscelino Kubitschek, Clóvis Salgado, Oscar Niemeyer, João Ceschiatti, Juvenal dias, Mari’stella Tristão, Alberto da Veiga Guignard, Pedro Moraleida, entre outros. Todas essas informações também estarão disponíveis no site www.espacomemoria.com.br, que será lançado juntamente com a exposição a partir do dia 23/12, terça-feira, às 10h, na área da Galeria Mari’stella Tristão, no subsolo do Palácio das Artes.

Mais informações sobre o projeto no Instagram @projetoespacomemoria. O “Espaço Memória, Cultura e Patrimônio – Palácio das Artes” tem patrocínio da Cemig, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais/Descentra Cultura. É realizado pela Coreto Cultural, com apoio da Fundação Clóvis Salgado.

“Celebrar a memória do Palácio das Artes é reafirmar o compromisso de Minas Gerais com a preservação de sua história e com a valorização da diversidade cultural que nos constitui. Esta iniciativa aproxima o público de um patrimônio vivo, que segue inspirando gerações e fortalecendo a identidade cultural do nosso estado”, afirma a Secretária de Estado de Cultura e Turismo, Bárbara Botega.

“O projeto ‘Espaço Memória Cultura e Patrimônio’ chega para contribuir, de maneira substancial, para o resgate da história do Palácio das Artes, seus personagens, artistas e principais acontecimentos.  Além disso, promove uma interpretação singular dos principais fatos que marcaram nossa existência! Este é o início de um grande processo de democratização deste que é o maior equipamento cultural do Brasil e, certamente, um dos maiores da América Latina. O “Espaço Memória”, além de história e registro, já é também um marco e, principalmente, um legado para os próximos 55 anos”, comenta o presidente da Fundação Clóvis Salgado / Palácio das Artes, Sérgio Rodrigo Reis.

Segundo o artista plástico Marconi Drummond, que colabora com a curadoria do projeto, assinada pela Coreto Produções em parceria com a equipe de acervo da Fundação Clóvis Salgado, “o ‘Espaço, Memória, Cultura e Patrimônio’ reafirma o Palácio das Artes como um centro cultural em constante transformação, no qual passado, presente e futuro se encontram. Ao revisitar essas memórias e lançar novos olhares sobre os personagens que ajudaram a construir esse patrimônio, a exposição propõe uma escuta sensível às vozes que ecoam em seus corredores e convida o público a se reconhecer também como parte dessa história viva da cultura mineira. E mais: reconhecer a história política e cultural de Belo Horizonte e de Minas Gerais — uma trajetória na qual a criação do Palácio não apenas impactou o cenário cultural, mas também ressignificou a ideia de cidade, modernidade e pertencimento”, destaca.

Durante a pesquisa, foram reunidas bibliografias e documentos com foco na história da instituição e  nas diferentes trajetórias que a atravessam, como as de Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer, Israel Pinheiro, Clóvis Salgado, Alberto da Veiga Guignard, Arlinda Corrêa Lima, Amilcar de Castro, Mari’Stella Tristão, João Ceschiatti, João Etienne Filho, Humberto Mauro, Juvenal Dias, Genesco Murta e Pedro Moraleida. “Foi uma investigação qualitativa e exploratória, baseada em fontes primárias e secundárias, visando compreender a relevância histórica e cultural dos homenageados e suas relações com o equipamento cultural. O processo envolveu consulta a bibliografias, biografias, registros institucionais, arquivos históricos, jornais, entrevistas, fotografias, materiais audiovisuais, cartas e documentos diversos”, conta. 

Ao longo de um ano, foram consultados acervos públicos e privados localizados principalmente em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Entre os principais: Academia Mineira de Letras, Arquivo Público Mineiro, MAP, Fundação Clóvis Salgado, UFMG, UEMG, MIS-BH, Instituto Pedro Moraleida, Rede Minas, Instituto Amilcar de Castro, MIS-RJ, Arquivo Nacional, FUNARTE, Projeto Portinari, Cinemateca Brasileira, Pinacoteca de SP, IEB-USP, entre outros.

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Clóvis Salgado e JK – Crédito Eugenio Silva – VEDADA reprodução das imagens

Quando tudo começa

Em 2023, a produtora Lilian Nunes, da Coreto Produções Culturais, recebe uma ligação do presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, propondo um desafio: implantar uma “interpretação para o Palácio das Artes”. Ou seja, como Reis já havia vivenciado dentro e fora do Brasil, faltava essa ação para que as pessoas pudessem entender a grandiosidade do espaço. Uma estratégia de musealização, transformando a instituição em real e grande centro cultural, capaz de promover todo o conhecimento nele gerado. A partir daí,  foi formatado o projeto para implementar melhores práticas de contextualização museológica e histórica no Palácio das Artes, que agora acaba de virar realidade.

“Não por acaso abrimos com o Palácio das Artes. A casa é o maior equipamento cultural do estado e um dos maiores do Brasil e da América Latina, com espaços destinados a aprendizado, produção e manifestações artísticas diversas. Muitas das salas são batizadas com nomes de personagens importantes cujas histórias são desconhecidas da população. A maioria das visitações é segmentada: parte do público que vai ao Grande Teatro, por exemplo, não sabe que há muitas outras oportunidades no local: diversas salas de apresentação, grupos artísticos com montagens anuais e um centro de formação efervescente que alimenta a cena cultural com profissionais plurais”, diz.

Nesta primeira etapa do “Espaço, Memória, Cultura e Patrimônio”, Lilian Nunes recapitula que foram abordadas as interseções históricas do Palácio das Artes com as pessoas que nomeiam suas galerias, cinema e salas de espetáculos. Segundo a produtora, ainda há muito o que fazer: “Estamos em busca de outros parceiros para avançarmos para o Grande Teatro, o CEFART e as salas dos corpos artísticos, que são destinos de grande potencial de interesse e visitação, sempre em parceria com o educativo da instituição”, destaca.

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Ballet do Teatro Scalla de Milão – Crédito Paulo Lacerda

Sobre o Palácio das Artes

A história do Palácio das Artes pode começar com a utopia modernista do então prefeito Juscelino Kubitschek, que encomendou, em 1941, um teatro municipal ao jovem Oscar Niemeyer. A obra, porém, só ganharia corpo décadas depois. Durante os anos de paralisação, JK, Niemeyer e o escultor Alfredo Ceschiatti voltaram-se à construção de Brasília.

A retomada das obras só ocorreu nos anos 1960, com o projeto reformulado por Hélio Ferreira Pinto, graças à intervenção de Israel Pinheiro, então governador, e Clóvis Salgado, vice-governador e figura-chave da cultura nacional. Clóvis, que também foi ministro da Educação e Cultura, captou recursos para a conclusão do complexo cultural.

Nos anos 1980, Niemeyer propôs instalar a Escola Guignard no Parque Municipal, mas o projeto não avançou. Ainda assim, a escola permaneceu provisoriamente no Palácio, onde Guignard já havia transformado o entorno em sua sala de aula. Mestre da paisagem, ele deixou um legado pedagógico e artístico, seguido por nomes como Arlinda Corrêa Lima e Amilcar de Castro. Arlinda foi pioneira na arte-educação para crianças com deficiência; Amilcar se destacou como escultor e diretor da Guignard.

Arlinda também colaborou com Mari’Stella Tristão, sua colega na escola de Helena Antipoff. Mari’Stella, artista e gestora, tornou-se a primeira curadora do Palácio e criou a Feira de Artesanato da Afonso Pena, integrando o espaço cultural à vida urbana. João Ceschiatti, irmão de Alfredo, e João Etienne Filho também deixaram marcas: o primeiro no Teatro do Sesi, o segundo entre o jornalismo, a literatura e o teatro, incentivando jovens escritores. 

Sem vínculos diretos com os demais, Humberto Mauro e Juvenal Dias encontraram no Palácio uma morada simbólica. Mauro, pioneiro do cinema, foi inspiração para as gerações seguintes. Dias, flautista e professor, ensinou gerações no centro de formação do Palácio. Por fim, duas trajetórias opostas: Genesco Murta, impressionista isolado e esquecido, e Pedro Moraleida, artista contemporâneo precoce, cuja curta vida resultou em um legado poderoso e perturbador. 

Essas vidas ajudaram a moldar a identidade cultural de Belo Horizonte. No Palácio das Artes, seus caminhos seguem reverberando em cada parede, palco e gesto criativo.

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Acervo Palácio das Artes 1971 – Concerto de Inauguração do Grande Teatro

A Coreto, idealizadora do projeto

Coreto é uma produtora de eventos que atua na elaboração e produção de projetos culturais, corporativos, artísticos e gastronômicos e que ao longo dos últimos anos se especializou no gerenciamento de ações de grande porte, em locais públicos. É reconhecida como uma das empresas de produção com maior expertise no mercado de Minas Gerais e atende clientes públicos e privados, além de colaborar com outras produtoras no desenvolvimento de seus projetos proprietários. Possui larga experiência na elaboração e acompanhamento de projetos, focada na identificação de marcos estratégicos e indicação de ações de engajamento e composição de identidade visual que firmam marcas e perpetuam os legados institucionais propostos para os projetos da qual faz parte. 

Cemig: a energia da cultura

Como a maior incentivadora da cultura em Minas Gerais, a Cemig segue investindo e apoiando as diferentes produções artísticas existentes nas várias regiões do estado. Afinal, fortalecer e impulsionar o setor cultural mineiro é um compromisso da Companhia, refletindo seu propósito de transformar vidas com energia.

Ao abraçar a cultura em toda a sua diversidade, a Cemig potencializa, ao mesmo tempo que preserva, a memória e a identidade do povo mineiro. Assim, os projetos incentivados pela empresa trazem na essência a importância da tradição e do resgate da história, sem, contudo, deixar de lado a presença da inovação.

Apoiar iniciativas como essa reforça a atuação da Cemig em ampliar, no estado, o acesso às práticas culturais e em buscar uma maior democratização dos seus incentivos.

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