Como parte da programação da exposição “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”, em cartaz no CCBB BH até 30 de novembro, acontece no dia 9/11, sábado, às 19h, a palestra “Confluir Mitos e Encantarias: Arte, Memória e Direitos Humanos”, como líder indígena Ailton Krenak e o artista residente da 9ª edição do Programa Bolsa Pampulha, Rafael Prado. A proposta é dialogar sobre como a produção cultural amplia o acesso do público aos saberes ancestrais, direitos humanos e resgate das cosmovisões sustentáveis do passado. Para participar da palestra, os ingressos gratuitos poderão ser retirados no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB BH, uma hora antes do evento.
O debate “Confluir Mitos e Encantarias: Arte, Memória e Direitos Humanos” trará uma reflexão profunda sobre a preservação da cultura e dos territórios, criando um diálogo entre arte, ativismo e espiritualidade. A mesa será composta por Ailton Krenak, que tem um papel ativo na defesa dos direitos dos povos indígenas no cenário nacional e que, a partir da curadoria da exposição, vai apresentar uma seleção única de registros realizados pelo fotógrafo japonês Hiromi Nagakura na década de 1990; e Rafael Prado, natural de Rondônia, que vai apresentar a pesquisa, ainda em desenvolvimento, focada nas encantarias amazônicas, em que evidencia o maior desafio na luta pela defesa da floresta. Completa o debate Claudelice Santos, ativista e liderança na luta pelas populações tradicionais e pela conservação da Amazônia, trabalho que assumiu em memória de seu irmão José Cláudio Silva e de sua cunhada Maria do Espírito Santo, assassinados em 2011. A mediação será da jornalista Mariana Cordeiro.
Para Krenak a arte é uma ferramenta de luta cotidiana. “Esta conversa com o trabalho do Rafael Prado cruza com a perspectiva interessante que é a arte, a floresta e a vida de lutadores históricos, que são estas pessoas que colocam suas vidas em defesa das árvores, bosques e florestas. Na constituição tem uma coisa chamada ‘florestania’ – um tipo de cidadania que não é urbana. É exercida a partir do território, do lugar onde você vive. Você precisa de peixe, senão vai morrer de fome, precisa de floresta para não morrer esturricado. Temos várias escolhas: uma delas é ficar vivo, defender nossa cultura e identidade”.
Sobre a exposição em Belo Horizonte e a parceria, o curador acrescenta: “‘Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak’ circulou por São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Agora, encerra sua itinerância no CCBB Belo Horizonte e conta com a participação de Rafael Prado”.
Para Gislane Tanaka, gerente geral do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte, “promover diálogos entre inciativas como a exposição Amazônia e o projeto Bolsa Pampulha é vital para ampliar a conexão do público com a cultura. Ao reunir diferentes linguagens e expressões, criamos experiências que expandem horizontes, despertam a reflexão e fazem da arte um espaço de representação e transformação”.
A Secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, destaca que a palestra está em consonância com as diretrizes do Programa Bolsa Pampulha, iniciativa do Museu de Arte da Pampulha – MAP, que reforça o museu como espaço de formação, pesquisa e experimentação. “É com grande satisfação que promovemos mais um momento de troca e aprendizado que reflete os valores e objetivos do Programa de Residência. É um privilégio para nós unir o líder ambientalista Ailton Krenak com o Bolsa Pampulha. O público terá acesso a um momento de reflexão profunda sobre as questões ambientais, mas, principalmente, sobre arte, cultura, direitos humanos e o direito à memória e identidade. Desejamos que todos saiam deste encontro inspirados e sintonizados com a urgência e responsabilidade individual e coletiva nos cuidados com o nosso planeta”.
Para o Presidente da Fundação Municipal de Cultura, Bernardo Correia, este evento é uma oportunidade singular para aprofundar questões relevantes sobre o papel da arte na preservação das tradições e do fortalecimento da consciência ambiental. “A presença de Ailton Krenak, traz uma perspectiva profunda sobre os saberes ancestrais e a necessidade de valorização e respeito pelos povos e territórios tradicionais. Esse encontro, além de expandir o acesso a conhecimentos valiosos, integra-se a uma série de atividades importantes do Bolsa Pampulha, possibilitando uma profunda reflexão sobre a história e as lutas dos povos indígenas da Amazônia”.
Para Rafael Prado, é importante instigar a reflexão sobre os desafios do presente e, ao mesmo tempo, pensar em futuros sustentáveis e mais conectados com a terra. “A destruição da Amazônia afeta diretamente as populações indígenas e tradicionais, cujos direitos são constantemente ameaçados. Essa palestra é uma oportunidade para dar visibilidade à cultura e aos direitos humanos dos povos que protegem a floresta”, afirma. O bolsista, que ainda integra o Programa de Residência do Bolsa Pampulha, tem em suas obras o reconhecimento e a conscientização sobre as realidades amazônicas, resgatando trajetórias e histórias de ativistas que foram assassinados em defesa da floresta.
“Hiromi Nagakura: até a Amazônia com Ailton Krenak“
A exposição, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – CCBB BH, apresenta fotos das viagens que o fotógrafo japonês Hiromi Nagakura fez na década de 1990, com a presença e condução de Ailton Krenak, por diversos territórios indígenas brasileiros. A curadoria é do próprio líder indígena, em um trabalho conjunto com Angela Pappiani, Eliza Otsuka e Priscyla Gomes. Segundo Ailton Krenak, a mostra traz algumas das belas imagens das viagens às aldeias e comunidades na Amazônia brasileira.
“Momentos de intimidade e contentamento entre amigos inspiraram esta mostra fotográfica mediada por encontros com algumas das pessoas queridas que nos receberam em suas cozinhas e canoas, suas praias de rios e nas aldeias Ashaninka, Xavante, Krikati, Gavião, Yawanawá, Huni Kuin, assim como nas comunidades ribeirinhas no Rio Juruá e região do lavrado em Roraima”, destaca o curador. As viagens passaram pelos estados do Acre, Roraima, Mato Grosso, Maranhão, São Paulo e Amazonas.
A mostra permanece em BH até 30/11, depois de temporadas no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo (30 mil visitantes), no CCBB Rio de Janeiro (361 mil visitantes) e no CCBB Brasília (20 mil visitantes). O evento é patrocinado pelo Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e idealizado pelo Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo.
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