A mobilidade global de profissionais brasileiros com carreiras consolidadas está em alta, impulsionada pela busca por novos mercados e qualidade de vida. No entanto, o processo ainda é cercado pelo mito de que a mudança de país anula o histórico profissional. Especialistas em direito migratório estratégico afirmam que a trajetória construída no Brasil é, na verdade, o maior ativo do profissional.
Rafaela Campos Abrahão, Empresária e Advogada no escritório Abrahão Advogados, afirma que o principal mito precisa ser desfeito para que a jornada seja bem-sucedida.
“Na prática, a afirmação ‘mudar de país não significa começar do zero’ quer dizer que a experiência e a formação adquiridas no Brasil podem e devem ser aproveitadas na inserção no mercado internacional. O mito mais comum é acreditar que a mudança implica abandonar tudo o que foi construído e começar do zero em um emprego que não exija extensa qualificação técnica. Pelo contrário: a trajetória é um ativo que abre portas em processos de visto, oportunidades de trabalho e até em programas de residência”, diz.

A advogada, que também é Mestre em Ciências Jurídico Políticas e tem MBA em Gestão de Negócios, enfatiza que o planejamento legal deve ser o ponto de partida, sempre alinhado ao histórico profissional. “O primeiro passo essencial é definir o objetivo profissional e pessoal da mudança e, a partir dele, alinhar a estratégia jurídica de visto e trabalho. O erro mais comum é iniciar a mudança apenas com base em informações superficiais, sem analisar a compatibilidade legal com a própria trajetória”, orienta.
Além disso, a experiência profissional prévia e a formação no Brasil são, muitas vezes, o fator decisivo para obtenção de vistos para profissionais altamente qualificados, como o EB-2 NIW nos EUA ou programas de fast-track na Europa.
“A experiência e a formação são o diferencial. Nos EUA, o EB-2 NIW considera a relevância da atuação do profissional no Brasil para o interesse nacional americano. Programas de fast-track na Europa privilegiam carreiras estratégicas e comprovam que a bagagem adquirida aqui já atende às demandas do mercado local”, complementa a especialista.
Dupla cidadania e vistos qualificados
Para quem possui direito à dupla cidadania por descendência, o planejamento de carreira ganha uma vantagem imensa. A dupla cidadania funciona como um ‘passaporte ampliado’: com ela, o profissional elimina barreiras de visto, ganha liberdade de circulação e acesso direto a mercados de trabalho mais competitivos, especialmente na União Europeia.
Para aqueles sem direito à cidadania por descendência, a advogada aponta caminhos eficientes que valorizam a carreira. “As vias mais eficientes costumam ser os vistos de trabalho qualificado, as autorizações de residência para profissionais com experiência consolidada e, em alguns casos, investimentos ou empreendedorismo. Esses caminhos permitem que o profissional comprove sua relevância e, após um período de residência legal, solicite a naturalização”, explica Rafaela
Profissionais em início de carreira tendem a optar por vistos de estudo. Já os mais experientes, com 10 ou 15 anos de liderança, podem se beneficiar de vistos que valorizam suas publicações, prêmios ou cargos de destaque, como o EB-1A nos EUA ou programas europeus voltados à alta qualificação.
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