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Quando a demissão por Justa Causa não é válida?

A demissão por justa causa é uma das formas mais severas de rescisão contratual no direito trabalhista, reservada para situações em que o empregado comete uma falta grave. No entanto, apesar de parecer definitiva, a demissão por justa causa pode ser revertida em determinadas circunstâncias. Elder Magalhães, advogado e especialista em Direito do Trabalho na Magalhães & Chegury Advogados Associados, explica os principais pontos que podem invalidar uma demissão por justa causa.

Para que esse tipo de demissão seja válida, a empresa deve apresentar fatos concretos e provas sólidas que comprovem a infração grave cometida pelo empregado. “A simples alegação de má conduta não é suficiente. É necessário que a empresa tenha evidências robustas para justificar a demissão. Sem essas provas, o empregado pode contestar a demissão na Justiça do Trabalho, alegando a falta de fundamentação para a justa causa“, destaca Elder Magalhães. 

Outro fator que pode invalidar a demissão por justa causa é a ausência de proporcionalidade entre a falta cometida e a punição aplicada. “A gravidade da infração deve ser compatível com a severidade da punição. Não é razoável, por exemplo, demitir um empregado por justa causa por um pequeno atraso ou por um erro administrativo de pouca relevância“, afirma o advogado. Se a punição for desproporcional à falta, a demissão pode ser considerada inválida.

Importante destacarmos que na hipótese de discussão em eventual demanda trabalhista, é ônus do empregador provar a falta grave cometida por seu empregado que autorizou a aplicação da punição máxima disciplinar, sendo que caso não o faça, certamente será a mesma revertida quando da prolação da sentença.

De acordo com o advogado, o processo de demissão por justa causa precisa seguir as formalidades legais. “Qualquer desvio no procedimento, como a falta de comunicação por escrito ou a ausência de uma investigação adequada, pode levar à anulação da demissão“, explica. As empresas devem assegurar que todas as etapas do processo sejam cumpridas corretamente para evitar problemas futuros.

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Elder Magalhães, advogado e especialista em Direito do Trabalho (Foto: Divulgação)

Reversão na Justiça do Trabalho

Quando um empregado acredita que sua demissão por justa causa foi injusta ou ilegal, ele pode recorrer à Justiça do Trabalho para tentar reverter a decisão. “Os tribunais analisam cuidadosamente as circunstâncias do caso, incluindo as provas apresentadas, a proporcionalidade da punição e o cumprimento das formalidades legais. Se encontrarem irregularidades, a demissão por justa causa pode ser anulada, e o empregado pode ser reintegrado ou receber indenização“, observa Elder Magalhães.

Segundo o especialista, a demissão por justa causa é uma medida extrema que deve ser aplicada com cautela e rigor. Empresas precisam assegurar que têm provas concretas, e que a punição seja proporcional à infração e que todas as formalidades legais foram cumpridas. Caso contrário, a demissão pode ser contestada e revertida judicialmente. “Para evitar complicações, é essencial que as empresas adotem práticas transparentes e justas na gestão de seus funcionários,” conclui.