
Participar de um processo seletivo sempre foi um momento de tensão e ansiedade. Mas quando você é um Comunicador 50+ e percebe que está competindo lado a lado com profissionais 20 ou 30 anos mais jovens, essa ansiedade ganha contornos diferentes. Não é apenas sobre a disputa. É sobre como você se posiciona, o que quer mostrar e, principalmente, o que quer provar para si mesmo e para quem está do outro lado da mesa te percebendo.
Eu mesmo já vivi isso. Entrei numa seleção para disputar uma vaga e, quando comecei a falar da minha trajetória, percebi olhares que me fizeram pensar: será que estou exagerando? Ao contar sobre décadas de jornalismo, sobre eu ser o criador da PQN, a primeira rede social mineira da comunicação, Prêmio PQN, revista e projetos, senti que minha fala podia soava meio que soberba, petulante… ou, quem sabe, eu tentava intimidar os candidatos. Mas não era isso e nem era minha intenção. Pediram para eu falar sobre a minha trajetória. Mas como esconder meu orgulho que é a PQN?
Semanas após o processo seletivo que no dia durou seis horas, com entrevistas e testes, recebi um telefonema da empresa dizendo que optaram pelo candidato mais jovem porque eu era “muito mais do que a vaga queria”. Então pensei: poxa, leram meu currículo, sabiam da minha experiência, então… para que me chamaram?
Essa é a encruzilhada silenciosa de muitos comunicadores 50+. Mostramos nossa bagagem ou escondemos? De um lado, temos histórias e resultados concretos. Do outro, candidatos jovens, com domínio natural das linguagens digitais, das ferramentas mais recentes e de uma agilidade que parece inata. Mas será que ser “mais digitalizado” significa ser “mais preparado”? A experiência me ensinou que não. O jovem pode conhecer a última tendência das redes sociais ou dominar um software recém-lançado, mas o comunicador 50+ sabe quando usar, para quem usar e, principalmente, por quê. Essa leitura de contexto não se aprende em um tutorial.
O problema é que muitas entrevistas priorizam agora se o candidato tem experiência no digital, nas métricas, no CEO, ROA, entre outras siglas. Pouco espaço é dado para ouvir histórias reais, para avaliar a capacidade de adaptação ou para reconhecer o valor de um networking sólido, construído ao longo de décadas.
O comunicador 50+ precisa, sim, atualizar seu repertório digital, mas não pode se apagar para caber no molde de outro. É preciso traduzir a experiência para a linguagem de hoje, contar o que fez, mas relacionando com o que pode fazer agora, usando as ferramentas e formatos atuais.
O desafio não é competir com os mais jovens. É mostrar que experiência e inovação não são opostos, mas complementares. Que saber usar uma nova tecnologia é importante, mas saber dar sentido a ela é indispensável.
Quando entro numa sala de entrevista, carrego muito mais que um currículo. Eu levo a minha história. E isso nunca poderei apagar. Foi o que me fez chegar até aqui e me transformar no profissional que sou. Agradando alguns e odiado por outros. Fazer o quê…
No final, não é sobre ser “o tal” nem sobre ter menos ou mais anos de carreira. É sobre mostrar que o time ideal une a energia de uns à visão que só a vivência traz. E que, no trabalho, o que conta não é quem sabe mais, mas quem sabe melhor usar o que aprendeu durante sua trajetória.

Robhson Abreu
CEO Grupo PQN
Presidente da Associação dos Blocos de Rua de BH (ABRA BH)
Membro do Conselho Estadual de Turismo de Minas Gerais (CET-MG)
Diretor Administrativo da Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo Secção Minas Gerais (Abrajet-MG)
Secretário da Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo
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