O sonho da casa própria ainda faz parte do imaginário do brasileiro, sendo uma forma de segurança para a família. Mas em 2025, o cenário econômico tem apresentado muitos desafios que tornam essa conquista mais difícil. Apesar de o mercado imobiliário brasileiro ter registrado recorde de lançamentos – 186,5 mil unidades – e crescimento de 9,6% nas vendas no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2024, as comercializações apresentam comportamento de estabilidade nos últimos cinco trimestres, variando entre 100 mil e 108 mil, conforme dados divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Especialistas acreditam que fatores como o aumento da taxa Selic, juros mais altos nos financiamentos imobiliários e a valorização dos imóveis têm dificultado o acesso à moradia, principalmente para a classe média.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o número de pessoas morando de aluguel em Minas Gerais cresceu em 2024, frente a 2023, passando de 1,798 milhão para 1,982 milhão.
“O cenário econômico tem impactado diretamente a aquisição de imóveis. A alta da taxa Selic, que regula os juros da economia, encarece os financiamentos imobiliários, elevando as parcelas e o custo total do crédito. Além disso, os preços dos imóveis subiram em muitas regiões do país, impulsionados pela demanda e pelo aumento nos custos de construção. A dificuldade de acesso ao crédito também é um obstáculo: bancos e instituições financeiras estão mais rigorosos na análise de crédito, exigindo maior comprovação de renda e entradas mais altas, o que pode limitar as opções para quem não possui reservas consolidadas”, avalia Cecília Perini, sócia e líder da XP em Minas Gerais.
Para a especialista, outro desafio que os brasileiros enfrentam é a inflação persistente, que reduz o poder de compra e aumenta os custos de vida, dificultando a criação de reserva para a entrada de um imóvel. “Para a classe média, que muitas vezes depende de financiamentos de longo prazo, o peso das parcelas pode comprometer o orçamento familiar, tornando o sonho da casa própria menos acessível”, completa Perini.
Como planejar a compra de forma inteligente
Planejar a compra de um imóvel exige disciplina financeira e estratégias bem definidas, divididas em curto, médio e longo prazo. O primeiro passo é organizar as finanças pessoais, fazendo um diagnóstico do seu orçamento, identificando gastos desnecessários, que podem ser cortados, e direcionando recursos para a construção de uma reserva que ajude na realização dos objetivos. A regra 70-30 (70% dos recursos para despesas essenciais e pessoais, 30% projetos futuros) pode ser uma boa base.
Em seguida, é preciso ter uma reserva de emergência. “Antes de poupar para o imóvel, tenha uma reserva de 6 a 12 meses compatível com suas despesas. Assim, você estará resguardado em um cenário de imprevistos e poderá manter seu compromisso sem comprometer o orçamento no futuro”, orienta a líder da XP.
Outra questão essencial é pensar em um prazo médio, entre 2 e 5 anos, para ter o investimento destinado à entrada do imóvel, geralmente entre 20% e 30% do valor total. “Dar uma boa entrada ajuda a reduzir o tempo de pagamento e os juros do financiamento. Uma alternativa é utilizar o saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), se for elegível, na entrada ou na quitação de parcelas”, destaca Cecília.
Já para quem não tem urgência e pode desenvolver um planejamento a longo prazo, em torno de 5 anos ou mais, a dica é investir em ativos de maior retorno. “Para quem tem um horizonte mais longo, considerar investimentos diversificados, contemplando ações, títulos atrelados à inflação, fundos imobiliários (FIIs) ou fundos multimercado, pode ser uma estratégia para aumentar o patrimônio, desde que acompanhada de um bom planejamento e alinhada ao seu perfil de investidor. Outra opção são os consórcios imobiliários, que têm juros e taxas administrativas mais flexíveis”, ressalta a especialista, reforçando que contar com uma assessoria de investimentos pode ajudar na tomada de decisões mais inteligentes e alinhadas à sua realidade.
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