Com o lema “Insista, persista e nunca desista”, o projeto Empreendedoras com Propósito, criado em Santa Luzia, é um exemplo de como a união entre mulheres pode transformar trajetórias. Idealizado por Regiane Rodrigues e duas colegas em janeiro de 2023, o grupo, que surgiu para acolher e capacitar mulheres que enfrentam os desafios do empreendedorismo, estava presente no evento Elas em Rede, em Belo Horizonte, nos dias 20 e 21 de outubro.
O projeto promove o “Café com Propósito”, um encontro mensal que reúne empreendedoras da cidade e região para momentos de troca, aprendizado e exposição de produtos locais. O grupo, que começou com 13 mulheres em um pequeno restaurante do bairro, hoje conta com mais de 250 integrantes em seus canais de comunicação e cerca de 60 participantes nos encontros presenciais.
Desde abril de 2025, o Sebrae Minas é parceiro do projeto, oferecendo consultorias e capacitações mensais para ajudar as participantes a desenvolverem seus negócios. “A maioria das mulheres do grupo empreende de casa, para poder cuidar dos filhos. Outras estavam estagnadas e encontraram no projeto uma forma de crescer. Nosso sonho é que Santa Luzia conheça e abrace essa iniciativa, fortalecendo a comunidade feminina e a economia local”, destaca Regiane.
Além das ações voltadas para o empreendedorismo, o grupo realiza projetos sociais com mães atípicas atendidas pela APAE do município, oferecendo momentos de autocuidado, escuta e valorização pessoal.
Apoio a mulheres em situação de vulnerabilidade
Outra rede que marcou presença no evento foi o “Instituto Por Elas”, representado pela assistente social Rejiane Silva, que atua há mais de dois anos com o atendimento a meninas e mulheres vítimas de violência e também com povos originários.
Entre os projetos desenvolvidos está o “Speak por Elas”, um curso gratuito de inglês para mulheres e meninas, com cotas para indígenas. O programa já formou mais de 360 participantes desde 2023. As alunas com melhor desempenho têm a oportunidade de participar de um intercâmbio nos Estados Unidos. “Neste ano, levamos a jovem Uakyrê Pankararu, do Vale do Jequitinhonha, para falar na ONU sobre os impactos da mineração em sua região”, conta Rejiane.
Outro destaque é o “Costurando Minas”, que reaproveita jeans descartados para confecção de bolsas e acessórios, envolvendo mulheres privadas de liberdade da APAC de Belo Horizonte. A renda gerada é revertida para as famílias e a manutenção das próprias detentas.
Com sedes em Minas Gerais, Bahia e Nova York, o instituto também oferece um espaço itinerante no Edifício Maletta, no Centro de Belo Horizonte, onde mulheres podem realizar reuniões e encontros gratuitos. “Queremos expandir o instituto para outros estados e alcançar ainda mais mulheres em situação de vulnerabilidade”, afirma Rejiane.
O poder das redes femininas
Com o objetivo de fortalecer o empreendedorismo feminino e promover conexões entre redes de apoio, o Sebrae Minas realizou, na sede da instituição em Belo Horizonte, a 1ª edição do Elas em Rede. O evento reuniu mais de 400 mulheres empreendedoras e 10 redes femininas da Região Metropolitana de Belo Horizonte, em dois dias de aprendizado, trocas inspiradoras e oportunidades de negócios.
A analista do Sebrae Minas e embaixadora do Sebrae Delas na região central, Michelle Chalub, destacou a importância de iniciativas que aproximam mulheres e estimulam o protagonismo feminino no ambiente empresarial.
“Essas redes proporcionam acolhimento e pertencimento. As mulheres podem se conectar, fazer negócios e lidar de forma conjunta com os desafios da jornada empreendedora — que muitas vezes é solitária. Ao estarem em rede, elas percebem que não estão sozinhas”, reforça Chalub.
Dez redes de mulheres empreendedoras marcaram presença no Elas em Rede, em BH. Crédito: Amanda Ketly
De acordo com pesquisa recente do Sebrae, 92% das empreendedoras brasileiras ainda não participam de nenhuma rede de apoio ou grupo voltado para mulheres, o que reforça a importância de projetos que promovam esse tipo de conexão.
“O evento reforçou o compromisso do Sebrae Minas em apoiar o empreendedorismo feminino como ferramenta de transformação social e econômica, valorizando o papel das mulheres como protagonistas em seus negócios, famílias e comunidades”, finaliza a analista.
Durante o Elas em Rede, dez grupos puderam expor seus serviços e produtos nos dois dias de evento:
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