
O coração, órgão vital que bate cerca de 100 mil vezes por dia, merece atenção redobrada. No Brasil, cerca de 400 mil casos de Infarto Agudo do Miocárdio são registrados por ano, e, de cada 5 a 7 pessoas acometidas, uma morre. Trata-se da maior causa de óbitos no País. Contudo, quando pensamos nos cuidados preventivos associados, logo vêm à mente os hábitos já consagrados da literatura médica, como os exercícios físicos, a alimentação equilibrada e regularidade nas consultas médicas. Mas, em paralelo, alguns prazeres simples e cotidianos também podem ser poderosos aliados. Rir de uma boa piada, ouvir música relaxante, meditar alguns minutos por dia e brincar com um animal de estimação possuem efeitos diretos na saúde cardiovascular. Essas são dicas do cardiologista Paulo Mesquita, membro da equipe do Hospital Hapvida Bauru.
“São atitudes que ajudam a reduzir o estresse, baixar a pressão arterial, diminuir os níveis de cortisol (hormônio ligado ao estresse) e liberar endorfina, que possui efeitos diretos para o bem-estar cardiovascular”, explica o médico. “Sorrir abre o coração de satisfação. Viver com alegria, estampando o sorriso no olhar e no espírito, ajuda a suportar melhor as adversidades. Tudo isso, sem dúvidas, são receitas que afastam até possíveis pioras do estado clínico”, completa Mesquita.
Estudos têm mostrado o efeito terapêutico da música em pacientes, mas o cardiologista ressalta que não é qualquer som que ajuda. “Desde a fase de lactente, músicas serenas induzem ao relaxamento e melhoram a qualidade de vida. Essa sensação funciona como uma terapia cardiovascular. Já as agitadas podem ter efeito oposto e podem até agravar doenças cardíacas”, alerta.
Minutos que valem horas
O simples ato de meditar, ainda que por poucos minutos, é outra medida simples que, segundo o profissional, pode gerar efeitos importantes no organismo por seu poder de reduzir a pressão arterial e os níveis de cortisol. “Não é preciso longos períodos. Poucos minutos de qualidade já são suficientes para perceber os benefícios”, resume o cardiologista.
Outro ponto é a convivência com animais de estimação. Pesquisas comprovam que interagir com os pets, acariciar ou brincar, por exemplo, além de reduzir os níveis de cortisol, aumenta a oxitocina no organismo, substância ligada ao bem-estar e à calma. Para Mesquita, os pets assumem hoje um papel que transcende o apoio emocional.
“O olhar carente misturado com alegria e meiguice dos pets produz um efeito cardioprotetor. Cada vez mais eles são considerados parte da família e contribuem para a saúde humana de forma surpreendente”, completa o especialista.
Segunda fatídica
A importância em priorizar hábitos diários que façam bem ao coração é reforçada por uma pesquisa recente que apontou que fatores, aparentemente banais, impactam a saúde cardiovascular. Realizado na Irlanda, o estudo analisou mais de 10,5 mil pacientes entre 2013 e 2018 e revelou que o risco de um ataque cardíaco é 13% maior às segundas-feiras, primeiro dia da semana de trabalho.
“Por isso a importância em refletir e passar a dar atenção para estratégias simples de bem-estar e que podem fazer diferença. Rir mais, ouvir música que acalma, separar minutos para meditar e aproveitar a companhia dos pets são prazeres acessíveis a qualquer pessoa e que, somados a um estilo de vida mais saudável e de exercitação do corpo, podem ser grandes aliados para um coração mais protegido”, conclui o médico.