
Hoje faz sete anos que meu pai partiu…
E a saudade, ah, essa saudade…
Ela tem seus próprios modos.
Tem dias em que sopra feito brisa leve —
quase carinho no rosto.
Em outros, arrebenta como furacão —
revirando tudo por dentro.
O tempo, dizem, ameniza.
Mas às vezes, ele só aumenta a distância do último abraço.
Meu pai se chamava Paulo Matias.
Herdeiro do ofício de marceneiro, legado do meu avô José Matias.
Cresci entre serragem, cheiro de verniz, tíner,
e na caçamba da caminhonete —
rodando Uberaba, entregando móveis
e colecionando histórias.
Era firme com as máquinas, mas bom mesmo…
era de conversa e de venda.
Sabia chegar.
Sabia ouvir.
E quase sempre saía com um pedido fechado e um cliente para a vida.
Falava alto — por temperamento ou paixão —
e quem escutava de fora achava que ele estava brigando.
Às vezes estava.
Mas outras, era só intensidade demais para caber em silêncio.
Tinha conselhos certeiros,
fé inabalável,
e um amor que protegia com braços apertados e palavras.
Foi meu maior incentivador —
do jornalismo à viagem para Nova York.
Sempre me dizia:
“A vida é curta, minha filha. Vai!”
E foi com ele que aprendi que Deus é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
Suas mensagens de bom dia vinham bordadas de esperança,
e sua fé era ponte e fortaleza.
Mesmo sem sua presença física,
eu sigo honrando seu tempo,
seus passos bonitos neste mundo,
as memórias que você me deixou,
tão vivas.
Sigo aqui,
transbordando você
em cada sorriso,
em cada grito,
em cada gesto meu que ainda é seu.
Que minha vida siga sendo
celebração da sua.
Que eu honre sua bondade,
a beleza da sua alma.
E que, de onde estiver,
você sinta — com força —
o quanto ainda vive em mim.
Paaaaai…
essa palavra que eu gritava tão alto,
hoje só ecoa aqui dentro.

Saudades.
Te amo. Te celebro. Te carrego.
Pra sempre.
Com amor,
sua filha,
Kátia Matias
PS: Obrigada por me escolher! Você sempre soube!