
Em um mundo cada vez mais acelerado, a casa deixou de ser apenas um lugar de abrigo para se tornar um refúgio emocional, um verdadeiro santuário capaz de restaurar o equilíbrio, a energia e até mesmo as relações humanas. Mas para que esse potencial de cura se manifeste, a decoração e o design de interiores precisam ser pensados como extensões da alma.
De acordo com a psicóloga Daniela Costa, CEO da Homedock, nossa casa é como um espelho do que sentimos e desejamos. “Quando o espaço conversa com a nossa essência, desperta sentidos, acolhe memórias e favorece o fluxo de energia, ele também nos ajuda a viver de maneira mais leve e conectada”, afirma.
E essa não é apenas uma percepção subjetiva. Estudos 2024 em psicologia do design e da decoração, publicados no Journal of Environmental Psychology, reforçam que ambientes planejados com base na biofilia, na harmonia cromática e no estímulo sensorial promovem redução da ansiedade, melhoram a comunicação entre os moradores e fortalecem a sensação de pertencimento.

“A cura emocional começa quando a casa passa a nutrir nossos sentidos de forma consciente. A visão é tocada por paletas de cores suaves e naturais, como verdes e tons terrosos, que a ciência associa à serenidade e à vitalidade. A audição encontra repouso em elementos como fontes de água, tecidos que abafam ruídos e músicas que vibram no compasso do bem-estar. O olfato é acarinhado por aromas de plantas naturais, como lavanda e alecrim, que, comprovadamente, reduzem o estresse. O tato é envolvido em texturas acolhedoras, como o linho, algodão e madeira, que transmitem a sensação de segurança e afeto. E o paladar, mesmo sutilmente, é celebrado em ambientes que inspiram encontros à mesa, cozinhas abertas e integrações que estimulam o prazer de compartilhar”, explica Costa.
Segundo a psicóloga, não basta ser bonito, pois o espaço precisa fazer sentido para quem vive nele. “Elementos como a luz natural invadindo as janelas, o verde de uma planta viva, o sofá que abraça o corpo após um dia difícil, tudo isso atua silenciosamente, mas profundamente, na nossa psique”, ressalta.
Essa abordagem, conhecida como design para o bem-estar, tem sido amplamente estudada por institutos como Gallup e Steelcase, que mostram que ambientes cuidadosamente planejados, com atenção à luz natural, presença de elementos naturais, distribuição funcional dos móveis e o uso equilibrado de formas, podem elevar significativamente o bem-estar, o engajamento e a satisfação de quem vive ou trabalha nesses espaços.
“Incorporar elementos naturais à casa não apenas embeleza o ambiente, mas cria uma ponte direta com nossa ancestralidade, reforçando a sensação de pertencimento à vida e ao presente. A biofilia, essa necessidade inata de conexão com a natureza, se manifesta em pequenos gestos, em uma parede viva de plantas, um jardim de inverno, ou mesmo uma coleção de pedras, galhos e conchas recolhidos em viagens”, sugere Daniela.
A psicologia do ambiente também indica que espaços que oferecem zonas de convivência e, ao mesmo tempo, respeitam a necessidade de retiro individual, tendem a harmonizar melhor as relações humanas. Afinal, tão importante quanto estar junto é ter a liberdade de estar consigo mesmo.
“Transformar a casa em um santuário de cura é um gesto de amor-próprio. É entender que cada canto pode ser um abraço, cada objeto uma memória viva, cada cor uma oração silenciosa pela nossa paz interior. Quando olhamos para o nosso lar com sensibilidade, estamos, na verdade, olhando para a nossa própria alma e poucas curas são tão poderosas quanto essa”, finaliza a CEO da Homedock.
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