
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), analisada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG e aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte em junho subiu 0,8 ponto percentual em relação a maio, chegando a 87,7%. É a primeira vez, desde janeiro de 2025, que o endividamento retoma trajetória de alta. Mas há indicadores positivos, como a perspectiva de redução de inadimplência no mês seguinte, a queda do endividamento no cartão de crédito e carnês e do número de famílias superendividadas, aquelas com mais de 50% do orçamento comprometido.
O total de consumidores com contas em atraso no mês passado ficou em 53,4%, aumento de 1,4 ponto percentual na comparação mensal. A projeção do número de consumidores que não terá condição de pagar as dívidas em julho foi a 19,8%, sendo 1,5 p. p. menor do que o verificado na PEIC de maio. A queda nesse indicador prossegue desde março de 2025.
Em junho, do total de consumidores com dívidas, os que se consideravam muito endividados foi a 15,6%, eram 13,4% em maio, um aumento de 2,2 p. p.
Já o endividamento das famílias no cartão de crédito foi de 93,7% em junho, representando queda de 0,5% em relação ao mês anterior. As dívidas no carnê atingiam 26,8% das famílias belo-horizontinas, sendo de 28,1% para as famílias com renda de até 10 salários-mínimos, queda de 2,1 p. p. na comparação com maio. Entre as de renda maior, a dívida no carnê caiu de 19,7% para 18,7%.
Em relação aos 53,4% de famílias em situação de inadimplência, registra-se uma diferença de 9,1% para mais entre aquelas de renda igual ou inferior a 10 mínimos em comparação com as de maior renda (45,6%). Entre os entrevistados que estão endividados, 60,9% ainda não conseguiram honrar seus compromissos e estão com dívidas em atraso.
Entre as famílias que acreditam que não terão condições de pagar os compromissos financeiros em atraso no mês seguinte, as de menor renda representam 20,8% do total e, entre as de maior renda, 15,5%. Entre os entrevistados, considerando aqueles com dívidas atrasadas, 37,1% entendem que não terão condições de honrar, no próximo mês, com os compromissos adquiridos. Esse percentual era de 40,9% em maio e caiu 3,8 p.p. em junho.
Conforme a PEIC de junho, 77,8% das famílias da capital possuem compromissos por tempo igual ou superior a 90 dias. O tempo médio de comprometimento de renda é de 7,5 meses.
Já o percentual de famílias superendividadas, que comprometem mais de 50% do orçamento com compromissos financeiros, caiu de 24,8% em maio para 22,6% em junho, menos 2,2 p. p.
Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, explica que apesar do nível de endividamento ter aumentado entre os meses de maio e junho a queda contínua no número de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas vem caindo de maneira expressiva o que representa um bom termômetro para o momento. “O aumento do endividamento indica que as famílias estão utilizando do crédito para consumir o que, se gerenciado da forma correta pelos consumidores, é ótimo para o comércio. Acrescido a isso, observamos pelo quarto mês consecutivo uma queda no número de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas, indicando uma melhoria contínua da saúde financeira dos agentes o que pode implicar, consequentemente, uma recuperação gradual da confiança das famílias para o consumo”, conclui Martins.