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Solidão, luto e reencontros difíceis no fim do ano refletem o peso emocional das festas

Tempo de leitura: 3 min

em 06/11/2025

Solidão, luto e reencontros difíceis no fim do ano refletem o peso emocional das festas

As festas de fim de ano, tradicionalmente associadas à alegria e à união familiar, podem acentuar sentimentos de solidão e tristeza. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2023), os diagnósticos de depressão e ansiedade aumentam em média 20% entre dezembro e janeiro em países das Américas e da Europa. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz, 2024) aponta que 32% das pessoas relatam sentir-se mais ansiosas ou melancólicas nessa época.

Para o psicólogo Jair Soares dos Santos, doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO), na Argentina, e fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT), o fenômeno não é coincidência. “O fim do ano funciona como um marcador simbólico de encerramento de ciclos. Ele desperta lembranças, comparações e lutos, inclusive os que nunca foram elaborados. É um período em que o inconsciente faz um balanço emocional, e nem sempre o resultado é leve”, explica.

Quando o fim do ano acende o alerta emocional

O chamado transtorno afetivo sazonal ou “depressão de fim de ano” é reconhecido pela OMS desde 2020 como uma condição que pode intensificar sintomas de tristeza, apatia e isolamento. Um estudo da Universidade de São Paulo (USP, 2024) revelou que 46% das pessoas que vivenciaram uma perda significativa relatam maior sofrimento emocional durante o Natal e o Réveillon.

“O reencontro com familiares pode reativar memórias dolorosas e emoções antigas. Em muitos casos, há a tentativa de manter aparências, mas o corpo e a mente sentem o peso emocional desse esforço”, afirma Soares. Ele observa que sintomas como insônia, cansaço, irritabilidade e tensão muscular são formas de o corpo expressar dores não acolhidas.

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Jair Soares dos Santos – Foto: Divulgação

A TRG e o reprocessamento das emoções

Diante desse cenário, o psicólogo destaca a importância de abordagens terapêuticas que trabalhem a origem do sofrimento, e não apenas os sintomas. Desenvolvida por Jair Soares e aplicada no IBFT, a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG) propõe um método estruturado para acessar e reorganizar memórias emocionais que permanecem ativas no inconsciente.

“A TRG atua no reprocessamento de experiências marcantes que moldaram a forma como a pessoa reage ao mundo. O objetivo não é apenas ressignificar o passado, mas desativar os gatilhos que ainda produzem dor emocional. Quando o cérebro entende que o perigo já passou, o corpo para de reagir como se ainda estivesse em ameaça”, explica o especialista.

Estudos conduzidos pelo IBFT em parceria com a Universidade de Flores (UFLO, 2024) têm demonstrado redução significativa de sintomas de ansiedade e depressão em pacientes submetidos ao método. “É um processo seguro e humanizado, que não exige reviver traumas nem verbalizá-los diretamente. Isso é fundamental, especialmente em períodos emocionalmente sensíveis como o fim do ano”, afirma Soares.

A solidão e o desafio do reencontro

Segundo o IBGE (Censo 2022), mais de 15 milhões de brasileiros vivem sozinhos, número que cresceu 43% em uma década. Para especialistas, a solidão tem se tornado um fenômeno social crescente, potencializado pelas redes e pelas rupturas familiares. “Estar só não é o problema. O sofrimento vem quando a pessoa se sente desconectada de si e dos outros. A TRG trabalha justamente essa reconexão emocional, ajudando o indivíduo a recuperar o sentimento de pertencimento”, explica o psicólogo.

O luto, por sua vez, ganha força nesse período. “A dor da ausência é natural, mas muitas vezes tentamos contê-la para não estragar o clima. Permitir-se sentir é o primeiro passo para reorganizar a vida emocional”, orienta Soares.

Um novo significado para o fim de ano

O especialista defende que o encerramento do ano pode ser um convite à introspecção e não à obrigatoriedade da festa. “O fim do ano pode ser o momento de se reencontrar com o que ficou suspenso, afetos, memórias, arrependimentos. A cura não vem do esquecimento, mas da compreensão do que cada experiência representou”, afirma.

Ele sugere criar rituais pessoais simples, como escrever uma carta de despedida ao ano que termina, realizar uma caminhada ao ar livre ou apenas dedicar um tempo para o silêncio e a reflexão. “Quando o indivíduo se permite esse espaço, o corpo e a mente compreendem o fechamento simbólico do ciclo. Isso traz paz, mesmo que não haja comemoração.”

A recomendação final de Soares resume a essência da mensagem: “Antes de buscar celebrar com os outros, celebre o fato de estar vivo. A presença em si já é motivo suficiente para agradecer, mesmo nos dias em que o silêncio é o único convite possível.”

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