Se sua mãe já brigou contigo para você comer direito antes de ir para a escola, se você já a ouviu dizer que “quem não toma café da manhã não aprende como se deve”, acredite, ela estava certa. Evidências científicas associam o consumo habitual de café da manhã ao baixo risco de sobrepeso e obesidade, bem como melhoria na capacidade de aprendizagem.
O café da manhã é considerado uma das três principais refeições do dia (café da manhã, almoço e jantar). Ao se fazer uma refeição equilibrada pela manhã, incluindo alimentos fontes de carboidratos (cereais integrais, pães, cuscuz), proteínas (ovos, leite, queijo, iogurte) e gorduras saudáveis (ovo, azeite, abacate, castanhas), o corpo obtém energia necessária e suficiente para começar o dia com disposição e realizar as atividades diárias com eficiência.
Apesar de importante para a saúde, a diminuição do seu consumo é uma modificação notável no comportamento alimentar atual. Em tempos de jejum intermitente, terrorismo nutricional, medo de comida, os tradicionais cafés da manhã vêm sendo extintos da mesa dos brasileiros.
Pular o café da manhã frequentemente, é considerado um comportamento prejudicial à saúde, em parte graças a supostas ações metabólicas inversas se comparado ao consumo de café da manhã, de modo que pular o café pode promover uma dissincronia do nosso relógio biológico.
Estudos identificaram que o perfil dos consumidores frequentes dessa refeição, é de não fumantes, praticantes de exercício físico, que controlam o peso e que não fazem uso constante de álcool, o que confirma esta relação científica positiva entre a ingesta do café da manhã e um estilo de vida saudável, recomendando-se assim, o desenvolvimento de programas de incentivo ao seu consumo.
O Guia alimentar para a população brasileira considera essencial fazê-lo e apresenta sugestões para o café da manhã ser preparado com alimentos regionais, variados e de boa qualidade, com nutrientes que fazem bem para o nosso organismo”, em quantidades adequadas, além da inclusão de alimentos funcionais como: frutas, laticínios, ovos, grãos integrais, café e chá.
Estudo recente da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com professor PhD da Texas Tech University (EUA) revisou a importância do café da manhã para a saúde cardiovascular. Os pesquisadores identificaram que, comumente, quem pula o café da manhã tem a reprodução de hábitos não saudáveis (como por ex. beliscar ao longo do dia), enquanto quem faz o hábito de tomar o café da manhã tende a seguir uma rotina mais elaborada e com boa qualidade do sono.
A pesquisa identificou maior associação de quem não consome café da manhã com parâmetros cardiovasculares ruins (pressão arterial, índices glicêmicos e lipídicos). Mas, segundo os autores, esse modelo de estudo possui limitações e não permite a inferência de causalidade, ou seja, não se pode falar que pular o café da manhã vai causar problemas cardiovasculares, não é isto; mas é possível dizer que esse fator está associado a uma perspectiva epidemiológica – no entanto não é uma causa.
Segundo especialistas em nutrição, os alimentos dessa refeição são os primeiros combustíveis do dia, após diversas horas em jejum para o corpo – e em especial o cérebro, precisa de nutrientes – e não alimentá-lo corretamente no início do dia, pode gerar hipoglicemia devido à baixa presença de glicose no sangue, tontura, náuseas, alteração no humor, dificuldade de se concentrar.
Pensando na individualidade do ser e as preferências de cada um, é justo que os profissionais de saúde personalizem e direcionem as recomendações de consumo de café da manhã para diversas populações.
Mas com base em tudo o que foi apresentado, você consegue perceber como o café da manhã é essencial para a sua alimentação?
Espero que sim…
Até breve!
Marcela Nutri
Marcela Rodrigues Rocha
Nutricionista (CRN9 – 5529), especialista em Gastronomia, Mestre em Ciências dos Alimentos e Doutoranda em Engenharia de Alimentos – USP.
@marceladricha
Fotos: FreePick
Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 156 p.: il. ISBN 978-85-334-2176-9. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf.
Santos, H. O., & Tinsley, G. M. (2024). Is breakfast consumption detrimental, unnecessary, or an opportunity for health promotion? A review of cardiometabolic outcomes and functional food choices. Diabetes/Metabolism Research and Reviews, 40(2), e3684.
Trancoso, S. C., Cavalli, S. B., & Proença, R. P. C. (2010). Café da manhã: caracterização, consumo e importância para a saúde. Revista De Nutrição, 23(5), 859–869. https://doi.org/10.1590/S1415-52732010000500016.
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