Artigo – Mulheres vão além todos os dias
Todos os dias, em todos os cantos, há uma mulher indo além. Além das expectativas, dos desafios, de si mesma. E, na maior parte das vezes, essa trajetória de superação acontece longe dos holofotes, no anonimato da rotina. É justamente nesse cotidiano, subjugado culturalmente, que acredito residir o verdadeiro significado do Dia Internacional da Mulher.
Mais do que uma data para celebrar conquistas históricas, vitórias políticas, econômicas e sociais de mulheres que transformaram o mundo com suas ações e suas vozes, o 8 de março reforça o compromisso com os desafios que ainda precisam ser superados. E, talvez mais importante, nos convida a honrar a força da mulher comum — aquela que, silenciosamente, move montanhas todos os dias apenas ao viver sua vida com coragem, resiliência e amor.
Certa vez, ouvi que “ser mulher é ser coragem”. Quanta verdade em uma frase tão curta e carregada de sabedoria. Essa coragem se manifesta em cada escolha, em cada recomeço, em cada abraço oferecido ao mundo, mesmo quando o mundo ainda não retribui na mesma medida. É a coragem que surge ao amanhecer, quando ela levanta da cama após uma noite difícil, lidando com o peso das responsabilidades e, muitas vezes, o cansaço emocional. É escolher sorrir e continuar apesar das preocupações que carrega na cabeça, equilibrando as expectativas profissionais, familiares e pessoais.
Mulheres comuns me inspiram. Mais do que qualquer figura histórica, admiro aquelas que conheço pessoalmente. Vejo, de perto, os desafios que enfrentam, as vitórias que conquistam e, principalmente, o quanto persistem. São mães, profissionais, cuidadoras, estudantes, empreendedoras. São elas que, com gestos simples e decisões aparentemente pequenas, moldam o futuro de todos nós.
A força feminina se revela na mulher que cuida da família sem deixar seus sonhos de lado, na jovem que estuda incansavelmente para construir seu caminho, na idosa que compartilha sua sabedoria, na profissional que lidera com empatia. Cada uma, à sua maneira, vai além – mesmo que quase ninguém perceba.
O ir além, para muitas mulheres, significa atravessar a rotina com dignidade. É ter disposição para começar de novo, para se perdoar, para seguir em frente. É encontrar tempo e energia para cuidar dos outros e de si. É, mesmo diante das barreiras ainda persistentes, escolher o otimismo e trabalhar para construir dias melhores. Por isso, quando penso no legado feminino, não vejo apenas as grandes revoluções. Vejo as pequenas e cotidianas que acontecem na mesa da cozinha, no trajeto para o trabalho, nas conversas entre amigas, na luta diária para equilibrar tantos papéis.
Neste 8 de março, convido todos a olharem ao redor e reconhecerem essas mulheres. Aquelas que não estão nas páginas dos livros, mas que se doam, que constroem, que inspiram tantas outras. Que possamos celebrar, sobretudo, a força cotidiana da mulher extraordinariamente comum.

Luciana Zanini
Conselheira, C-Level e CFO do Inhotim