De 28 a 30 de março, sexta a domingo, a Cia Candongas apresenta a 3ª temporada de Uiraçu, espetáculo teatralque também é um jogo, em que cada espectador é, além de plateia, um jogador e peça importante no desenvolvimento da história. As apresentações tem ingressos gratuitos retirados pelo Sympla e serão realizadas na Funarte-MG. Na última temporada, todos os ingressos esgotaram.
A peça faz uma homenagem a revoluções e revolucionários brasileiros, com arquétipos de Maria Felipa (Independência do Brasil), Luzia Pinta (Inquisição no Brasil), Sepé Tiaraju (Guerra Guaranítica), João Cândido (Revolta da Chibata), Dadá (Cangaço), Zuzu Angel (Ditadura Militar) e o Profeta Gentileza (Capitalismo), inspirações para as construções dos personagens que formam o Bando Uiraçu.
Estes personagens sofrem a repressão de um poder oficial chamado Uniformidade. Para compor a dramaturgia do julgamento ao qual os “Uiraçus” são subjugados, a Companhia baseou-se em um momento histórico: a reunião presencial dos Conjurados Mineiros para a leitura da primeira sentença, das duas enviadas pela coroa, que condenou a maioria dos envolvidos à morte. Assim como aconteceu na Inconfidência Mineira, o espetáculo também explora a opressão colonial, a reação dos réus e os desdobramentos desta sentença no desencadear de seus dramas.
“No caso do espetáculo Uiraçu, o público presente tem o poder de agir para influenciar nos rumos da história que acontece ao vivo na sua frente durante o espetáculo, através do jogo. A Companhia acredita que o espetáculo propõe uma metáfora prática e lúdica do exercício de cidadania por meio de interação presencial e virtual”, explica Gustavo Bartolozzi, gestor da Cia Candongas.
A “Uniformidade”, poder repressor das ações do povo, abomina a empatia e limita a distribuição de oxigênio como forma de manter o povo sob controle. Mas, inconformados, os “Uiraçus” organizam uma rebelião contra a “Uniformidade”: são eles Dadinha, Gentil, Joca, Luz e Tipé – mas entre eles há um traidor.
A ideia do game surgiu para dar melhor andamento à peça e instigar a participação do público. “Queríamos que as pessoas se divertissem e participassem de Uiraçu ativamente, por isso surgiu a ideia de transformá-la num jogo online que, ao longo da peça, vai distribuindo tarefas à plateia”, conta Gustavo.
A principal dinâmica divide o público entre galinhas, lobos e águias: “É baseado naquele jogo antigo do polícia, vítima e assassino: os lobos tentam prender as águias, as águias podem transformar galinhas em outras águias e as galinhas podem ou não ser transformadas em águias e também podem tirar o poder dos lobos. Além disso, o público pode defender de viva voz algum réu e também votar, por exemplo, para escolher qual réu fez a melhor defesa e merece ser libertado”, diz Gustavo.
O site “Guia Uiraçu” funciona como uma linha do tempo de qualquer rede social. “As informações aparecem sempre no topo da lista entre uma cena e outra, pedindo para que as pessoas participem, joguem, apostem, respondam questões que no final ajudam a definir o final da história”, completa.
Sobre Uiraçu
Uiraçu é dirigida pelo renomado Paulo Flores, fundador do grupo teatral gaúcho “Ói Nóis Aqui Traveiz” e traz no elenco Carolina Cândido, Chica Reis, Gustavo Bartolozzi, Rogério Gomes e Wesley Simões. O texto foi escrito pelo Núcleo de Dramaturgia da Candongas, formado por Bartolozzi e Guilherme Théo, com orientação Anderson Feliciano.
O projeto compartilha a missão da Companhia Candongas, que há 31 anos, procura “fortalecer a identidade do Brasil não oficial, por meio de uma arte que conjugue afeto, prazer, responsabilidade social e senso crítico”.
Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados no site da Sympla. Após adquiri-lo, o espectador deve entrar no https://uiracu.ciacandongas.com.br/ e criar seu avatar do jogo.
O Projeto é realizado pela Cia Candongas por meio de Emenda Parlamentar no âmbito do Termo de fomento 011848/2023 firmado com a Fundação Nacional de Artes – FUNARTE.
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