Dia Internacional da Mulher – Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive depois dos 50 anos

As mulheres já estão em maior número entre as universitárias. Elas representam 58,4% das matrículas no ensino superior, de acordo com o Mapa do Ensino Superior, organizado pelo Instituto Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Segundo a publicação, em 2023 haviam 5,24 milhões de alunas matriculadas nas Instituições de Ensino Superior brasileiras, e destas 79,4% estavam matriculadas em IES privadas.

Se o acesso ao ensino superior já é um obstáculo, para as mulheres, em especial aquelas acima de 50 anos, os desafios podem ser ainda maiores. Adaptação à nova rotina, dificuldade em lidar com tecnologia, de se adaptar aos colegas mais jovens e conciliar o tempo para “dar conta” da jornada diária, que às vezes envolve além dos estudos, trabalho fora de casa e as tarefas domésticas.

Por isso é importante conhecer, e valorizar, experiências inspiradoras como as da graduanda do 7º período de pedagogia na Una Betim, Maria Domingas Alves, de 57 anos. Ela recorda que Pedagogia não foi sua primeira opção de graduação.

“Comecei outro curso, em outra instituição, mas não me adaptei ao curso semipresencial, aos professores e à plataforma. Resolvi trocar para um curso presencial e uma colega de trabalho recomendou a Pedagogia, disse que eu tinha o perfil e mostrou as possibilidades de trabalho”.

Mas o que determinou a escolha do curso foi a possibilidade de realização de seu sonho de alfabetizar jovens e adultos, mais especificamente idosos. “Também tenho muita vontade de trabalhar em mediação de conflitos e com jovens em situação de vulnerabilidade”, afirma.

Desafios e conquistas

Além de todos os desafios possíveis que uma mulher madura poderia enfrentar, Maria Dominga precisou lidar com mais uma: a Covid-19. “Comecei o curso em plena pandemia. Foi difícil acompanhar o ritmo da turma e me adaptar à plataforma online. Tive muita dificuldade com as ferramentas da internet, pois na minha idade não temos o mesmo pique e habilidades que um aluno mais novo possui”. A estudante aponta ainda a maior dificuldade de raciocínio e a insegurança – medo de fazer ou responder uma pergunta de forma errada em sala de aula, como obstáculos que precisou superar.

Agora próxima à conclusão do curso superior, a estudante já celebra suas conquistas. “Perdi muito da minha timidez, já sou capaz de falar em público e para os colegas em sala. Também abriu a minha mente, atualmente vejo as coisas com outros olhares. Conquistei colegas de turma e fiz amigos. Isso tudo aumentou minhas expectativas de trabalhar em projetos na área da educação, mais propriamente para atuar com jovens e adultos”, comemora.

A presença da mulher madura no ensino superior

Para a estudante de Pedagogia, é muito grande a importância da presença da mulher madura no meio acadêmico. “É uma experiência que nos engrandece. Nos sentimos mais capazes de enfrentar os obstáculos da vida, temos mais possibilidades de um trabalho melhor, nos ajuda a ter uma visão mais ampla da vida e do mundo e a perder o medo de expressar nossa opinião nos diferentes espaços”.

Maria Dominga espera que sua trajetória acadêmica possa servir de inspiração para outras mulheres. Cabe a nós, mulheres maduras que já estamos cursando o superior, falar da importância do estudo. É muito bom e gratificante voltar à sala de aula, ampliar nossos conhecimentos, concluir os estudos e conquistar uma vida melhor. É muito importante realizar nossos objetivos, que na maioria das vezes deixamos para trás para viver o sonho do esposo, do companheiro, dos filhos”, enfatiza.

Para as mulheres de todas as idades que gostariam de fazer um curso superior, a graduanda faz uma orientação. “Não deixe para trás os seus sonhos. Enfrente as dificuldades, o mundo, a vida, corra atrás das possibilidades e daquilo que lhe faz bem. Saiba que nós mulheres somos capazes, podemos conquistar mais do que imaginamos, com muita força e coragem se tivermos um objetivo.

Informações: Rede Comunicação