
Popular no guarda-roupa feminino, o biquíni é uma peça que vai além da moda praia e, no calendário, tem um dia só seu: em 5 de julho é celebrado o “Dia Mundial do Biquíni”, traje de banho que deixou de ser apenas um item de vestuário para se tornar um ícone cultural e político.
De acordo com a história da moda, o biquíni surgiu no verão europeu de 1946 e causou alvoroço na sociedade conservadora da época por ser considerada um traje ousado. Quase 80 anos depois, ele continua provocando discussões, principalmente no que diz respeito ao corpo feminino.
Hoje, o biquíni veste mulheres de todas as idades, biotipos e estilos. No setor de moda praia, pode ser encontrado com diferentes variações e usado ao lado de outros itens como uma saída de praia longa ou uma canga.

Como foi criado o ‘Dia Mundial do Biquini’?
O dia 5 de julho foi escolhido como o Dia Mundial do Biquíni porque foi nessa data, em 1946, que o engenheiro e estilista francês Louis Réard apresentou o primeiro biquíni moderno ao mundo.
O desfile, que aconteceu na piscina Molitor, em Paris, chocou a todos pela ousadia da peça, já que para os padrões da época era considerado pequeno demais. O tamanho causou desconforto em muitas pessoas e nenhuma modelo profissional aceitou o convite para desfilar, função que ficou com a dançarina Micheline Bernardini.
Ainda de acordo com a história da moda, o item não foi a primeira tentativa de traje de banho de duas peças. O estilista Jacques Heim havia lançado pouco antes o Atome, um modelo mais recatado, que cobria o umbigo. Mas foi Réard quem ousou ao expor o ventre feminino, algo inédito até então.
O nome “biquíni” veio de uma provocação do estilista ao fazer referência aos testes nucleares dos Estados Unidos. A referência principal para o nome do item veio de Atol de Bikini, local onde os EUA realizavam os testes, pois Réard apostava que sua criação teria um impacto igualmente explosivo.
A expectativa do estilista virou realidade, a peça foi considerada tão ousada que chegou a ser proibida em diversos países, incluindo Itália, Espanha e Estados Unidos, onde só foi aceito nos anos 1960.
Muito mais que uma peça de roupa
Ao visitar lojas físicas e virtuais de moda, é possível ver biquíni liso, colorido, de modelagens diferentes e com materiais variados. Desde a primeira aparição da peça, o traje de banho fomentou debates e ocupou espaços simbólicos na luta feminina.
De acordo com artigo científico do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), divulgado na 8ª Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão (JEPEx), durante os anos 1950, a peça ainda enfrentava forte resistência e até proibições em desfiles de moda e concursos de beleza. No Brasil, foi vetado oficialmente pelo decreto presidencial nº 50.577, assinado por Jânio Quadros em 1961, que também vetava maiôs considerados “imorais”.
Foi somente nas décadas de 1960 e 1970 que o biquíni se consolidou como símbolo de liberdade e contestação. O artigo da IFRS destaca que a revolução sexual, os movimentos feministas e a contracultura ajudaram a reposicionar o traje como ferramenta de expressão corporal e política.
No Brasil, a atriz Leila Diniz protagonizou um dos momentos mais famosos dessa virada, quando em 1971, grávida de seis meses, foi fotografada de biquíni na praia de Ipanema. A imagem, publicada em jornais e revistas, escandalizou setores conservadores e virou símbolo de resistência durante a ditadura militar.
Ainda de acordo com o estudo, a partir dos anos 1980, o biquíni passou a dialogar com novas estéticas e tecnologias. O modelo asa-delta, com laterais cavadas até os quadris, virou febre nas praias brasileiras e foi exportado para o mundo.
Na mesma década, o fio-dental levou a ousadia a outro patamar, tornando-se símbolo da sensualidade tropical. Já nos anos 1990 e 2000, a moda praia incorporou tendências globais, como o minimalismo e a estética esportiva, ao mesmo tempo em que surgiam movimentos por maior inclusão e diversidade.
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