
A ação coletiva em 150 países de todo o mundo faz do Dia Mundial da Alimentação – dia 16 de outubro – uma das datas mais celebradas do calendário das Nações Unidas. Foi criada pela ONU, e tem como objetivo promover e aumentar a conscientização global sobre o tema da fome e insegurança alimentar.
A celebração busca mobilizar esforços da sociedade civil, iniciativa privada e governos para enfrentar esses desafios e promover uma alimentação saudável e acessível para todos.
De acordo com o Ministério da Saúde “uma alimentação saudável deve ser baseada em práticas alimentares que assumam significado social e cultural dos alimentos na vida das pessoas. Neste sentido é fundamental resgatar estas práticas bem como estimular a produção e o consumo de alimentos saudáveis regionais (como legumes, verduras e frutas), sempre levando em consideração os aspectos comportamentais e afetivos relacionados às práticas alimentares. O setor público precisa assumir a responsabilidade de fomentar mudanças sócio–ambientais, em nível coletivo, para favorecer as escolhas saudáveis no nível individual. A responsabilidade compartilhada entre sociedade, setor produtivo e setor público é o caminho para a construção de modos de vida que tenham como objetivo central a promoção da saúde e a prevenção das doenças.”

Características de uma alimentação saudável conforme o Ministério da Saúde (BR):
Dentre diversas outras – o respeito e valorização as práticas alimentares culturalmente identificadas: o alimento tem significações culturais diversas e precisam ser estimuladas. E a garantia de acesso, sabor e custo acessível. Uma alimentação saudável não é cara, pois se baseia em alimentos in natura, produzidos regionalmente.
O apoio e o fomento à agricultores familiares e cooperativas para a produção e a comercialização de produtos saudáveis como legumes, verduras e frutas são importantes alternativas para que além da melhoria da qualidade da alimentação – estimula geração de renda para comunidades.
Práticas de marketing muitas vezes vinculam a alimentação saudável ao consumo de alimentos industrializados especiais e não privilegiam os alimentos não processados e menos refinados como, por exemplo, a mandioca que é um (tubérculo) alimento saboroso, muito nutritivo, típico e de fácil produção em várias regiões brasileiras e tradicionalmente saudável.

Todo dia é dia de ter direito à alimentação de qualidade!
Este é um direito humano juridicamente vinculado ao direito internacional. Essa prerrogativa foi consagrada no artigo 11 do Pacto Internacional de Direitos Econômicos Sociais e Culturais (PIDESC), em 1966.
Cerca de 45 países já reconheceram o direito a uma alimentação adequada como parte de suas constituições, o que também é o caso do nosso pais.
Mas … reconhecer não é garantir …
Existem cerca de oito bilhões de pessoas na Terra que compartilham um sistema alimentar, porém, o acesso e a disponibilidade de alimentos nutritivos são um desafio impulsionado por questões étnicas e culturais, conflitos, doenças, desigualdades, mudanças climáticas e preços crescentes de alimentos e combustíveis ameaçam a segurança alimentar.
Dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (2022) – o último realizado até aqui – 33,1 milhões de pessoas no país não tinham o que comer, ou seja, há dois anos atrás havia 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome e mais da metade da população brasileira (58,7%) convivia com a insegurança alimentar em algum grau: leve, moderado ou grave (fome).
Já em 2023, sete a cada 10 domicílios brasileiros (72,4%) tiveram acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente para combater a fome. Tais dados foram divulgados em abril de 2024 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e referem-se à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), cuja metodologia consistiu na aplicação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) no quarto trimestre de 2023.
A mais recente pesquisa do IBGE mostrou que 151,9 milhões de brasileiros estiveram longe da fome no ano passado e especialistas acreditam que podem ser reflexos da retomada da política de segurança alimentar e nutricional.
Todos nós devemos estar atentos à estas pesquisas e dados atualizados, e cobrar o que é nosso direito: acesso à saúde, acesso à programas de educação e segurança alimentar e nutricional, acesso à alimentos de qualidade e informações de políticas públicas e inclusivas de combate à fome.
Celebrar o dia Mundial da Alimentação sim, mas identificar se há realmente motivos para isto.
Estejamos de olho, juntos!
Até breve!
Marcela nutri

Marcela Rodrigues Rocha
Nutricionista (CRN9 – 5529), especialista em Gastronomia, Mestre em Ciências dos Alimentos e Doutoranda em Engenharia de Alimentos – USP.
@marceladricha
Fotos: FreePick
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