
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (PEIC), analisada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG e aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte caiu 0,1 ponto percentual entre agosto e setembro quando 90,2% dos entrevistados admitiram ter algum compromisso financeiro. Esse total se divide entre 47,6%, que afirmam estarem pouco endividados ou sem dívidas e outros 52,4% que se dizem mais ou menos endividados e muito endividados. A PEIC mostra o nível de endividamento com cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carros, entre outros.
O cartão de crédito persiste puxando o endividamento das famílias com aumento de 1,3 ponto percentual em setembro. Em agosto, 89,1% delas tinham a maior parte das dívidas no cartão, em setembro esse tipo de endividamento subiu para 90,4%. Famílias com rendimentos acima de 10 salários chegam a 94,2% de endividamento no cartão e, abaixo da faixa de renda, a 89,8%, sendo que o endividamento no carnê atinge 26,3% neste grupo.
Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, destaca que o uso do cartão de crédito garante algumas vantagens, mas pode ser o principal inimigo da saúde financeira das famílias. “O crédito concedido pelo cartão possui várias vantagens. Além da facilidade no acesso, ele é amplamente aceito nos estabelecimentos comerciais e de serviços, além de algumas bandeiras ofertarem diversos benefícios atrelados ao uso, como programas de milhagens e pontuações. Entretanto, o uso descontrolado do cartão de crédito pode implicar no superendividamento das famílias, comprometendo boa parte da renda mensal no pagamento da fatura, afetando o poder de compra familiar”, explica Martins.
A inadimplência também é maior entre as famílias com renda abaixo de 10 salários em Belo Horizonte. Conforme a pesquisa, 55,4% delas estão com algum compromisso financeiro em atraso. Entre aquelas com rendimento acima de 10 salários, a inadimplência chega aos 34,1%. No geral, a pesquisa mostra que 52,2% das famílias da cidade estão com dívidas em atraso, 0,1 ponto percentual acima do verificado em agosto. A inadimplência atinge 57,9% dos consumidores endividados.
Quase um quarto das famílias (24,3%) admitem que não terão condições de quitar as dívidas em atraso, especialmente entre as que ganham até 10 salários-mínimos: 27,0% delas. Entre aquelas com ganho acima dessa faixa, são 11,1% que não conseguirão quitar as dívidas atrasadas. Ao projetar a inadimplência entre os consumidores, a pesquisa mostra que 46,6% vão continuar com as contas em atraso.
Para 49,6% das famílias com contas pendentes, o atraso no pagamento ultrapassa 90 dias. Em média, as dívidas estão atrasadas há 65,2 dias. Para 72,8% das famílias o comprometimento do salário com as dívidas no mês fica entre 11% e 50%. A pesquisa também mostra que atualmente 43,1% das famílias de Belo Horizonte estão comprometidas com as dívidas por um período de tempo que ultrapassa um ano.
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