Para 69,0% dos entrevistados, o momento não é bom para adquirir bens duráveis.
O Índice de Confiança das Famílias (ICF) de Belo Horizonte do mês de julho registrou queda de 3,2 pontos percentuais, saindo de 96,9 pontos em junho para 93,7 pontos no mês passado ficando abaixo dos 100 pontos – quando aponta para satisfação.
O índice de segurança quanto ao emprego atual mostra redução da satisfação das famílias em 5,1 pontos em relação a junho. Ainda assim, o índice se manteve positivo aos 125,5 pontos. Para 39,1% das famílias, o nível de segurança quanto ao emprego aumentou em julho enquanto 48,1% delas apontam para o mesmo nível de segurança que tinham em 2023.
A expectativa de melhoria profissional nos próximos seis meses para o/a chefe de família é positiva para 47,8% dos entrevistados e negativa para 44,3% deles. Com isso, a expectativa positiva para o futuro profissional em seis meses sofreu uma redução em relação ao apontado pelo ICF de junho com queda de 5,0 pontos percentuais. Em comparação com o ano passado, a expectativa profissional teve queda de 39,6 pontos.
A expectativa de melhoria na profissão é maior entre as famílias com renda acima de 10 salários-mínimos: 59,1%. Para 46,3% das famílias com renda abaixo de 10 salários, não haverá melhora profissional nos próximos seis meses.
De acordo com Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, esta percepção quanto a situação profissional, futura e presente, pode ser justificada pelo comportamento do mercado no último mês. “Os dados divulgados pelo CAGED demonstraram uma redução no saldo de empregos gerados. Não obstante, o consumidor, mesmo sem acesso às informações oficiais, passa a sentir esta desaceleração no seu dia a dia. O mercado de trabalho está atingindo um nível elevado de contratações, extinguindo assim a alta demanda dos empresários por novos trabalhadores. Acrescido a isso, é observado também uma estabilização dos salários visto um mercado de trabalho mais competitivo. Desta forma, o otimismo das pessoas quanto ao dinamismo do mercado de trabalho e as expectativas futuras vão desacelerando”, explica Martins.
Mais da metade dos entrevistados, 52,3%, avaliaram seu índice de renda atual como sendo igual a 2023. Para 25,3%, a renda da família está melhor do que no ano passado. Esta composição nas respostas contribuiu para deixar o indicador ainda no nível de satisfação, aos 102,9 pontos, mas 5,5 pontos percentuais abaixo do verificado em maio quando chegava a 108,5 pontos.
A avaliação sobre o acesso ao crédito pelas famílias também mostrou um recuo em relação ao apurado em junho. Em julho, 39,4% dos entrevistados admitem que o crédito está mais difícil o que fez o indicador ser reduzido em 4,0 pontos percentuais em comparação com o mês de maio.
O indicador do nível de consumo mostra 51,6% das famílias que ganham menos de 10 salários comprando menos em julho. Acima desta faixa de renda, o percentual das que estão comprando menos cai para 35,8%. No geral, o indicador mostra 49,5 dos entrevistados dizendo que estão comprando menos com elevação no nível de consumo de 1,6 ponto percentual entre um mês e outro, de 73,6 pontos em junho para 75,2 pontos em julho. Indicador se mantém em nível de insatisfação, abaixo dos 100 pontos.
Já o indicador da perspectiva de consumo se mantém satisfatório com 104,1 pontos ainda que registrando queda de 5,9 pontos em relação a junho quando pontuou 110,0. Para 32,6% dos entrevistados, o consumo será maior nos próximos meses do que foi no segundo semestre de 2023.
Para 69,0% dos entrevistados, o momento não é bom para adquirir bens duráveis. Ainda assim houve elevação de 2,1 pontos no indicador que saiu de 57,6 pontos em junho e chegou a 59,7 pontos em julho ficando 21,3 pontos acima do mesmo período de 2023.
Martins destaca que as altas taxas de juros e o cenário inflacionário incerto gera um impacto direto na perspectiva de consumo das famílias. “O período de corte da taxa básica de juros da economia foi interrompido em um patamar ainda elevado, fazendo com que os juros aplicados no mercado ainda se mantenham altos. Observamos também o aumento de preço de alguns produtos no mercado, principalmente aqueles atrelados ao dólar ou que precisam de situações climáticas ideais. Estes fenômenos afetam a decisão de consumo das famílias, principalmente para os bens duráveis que normalmente dependem da utilização de crédito para sua aquisição”, conclui Gabriela.
Fotos: Freepick
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