
Com a chegada de junho, o Brasil se veste de xadrez, acende fogueiras e celebra uma das épocas mais queridas do nosso calendário: as festas juninas. Nas Minas Gerais e em todo o país, o cheiro de milho verde cozido, amendoim torrado e bolo saindo do forno reacende memórias afetivas — e, claro, abre o apetite. Mas além da tradição, essas preparações típicas também nos convidam a refletir sobre sua composição nutricional.
“Os valores escondidos nas comidas juninas”
A base da maioria desses pratos está em alimentos como o milho e o amendoim, ambos extremamente nutritivos. O milho, além de fornecer carboidratos complexos, é fonte de fibras, vitaminas do complexo B, vitamina A e antioxidantes como a luteína e a zeaxantina (presentes também na gema do ovo), que contribuem para a saúde dos olhos. O amendoim, por sua vez, é rico em gorduras insaturadas, contém proteínas vegetais, magnésio, zinco, vitamina E, que tem potencial antioxidante e efeito protetor cardiovascular.
Preparações como pamonha (de doce ou salgada), curau (mingau de milho) e a própria canjica ganham ainda mais valor nutricional quando feitas com leite (e pode ser o desnatado), ou com a adição de queijos, como é comum em versões mineiras. Esses ingredientes aumentam o teor proteico da preparação, além de fornecerem cálcio, fósforo e vitamina B12 — elementos importantes para a saúde óssea e muscular.
No entanto, é preciso atenção ao modo de preparo. O excesso de açúcar e gorduras saturadas, especialmente quando se utilizam leite condensado, manteiga em grandes quantidades ou coberturas açucaradas, pode transformar essas receitas em alimentos de alta densidade energética e baixa qualidade nutricional. É o caso de muitas versões de canjica, amendoim e pipoca doces, bolo de milho e de fubá – industrializados, que perdem parte do potencial nutritivo ao priorizar a adição excessiva de açúcares e gorduras para uma textura cremosa e sabor exageradamente doce.
A pipoca, frequentemente subestimada, é outro exemplo interessante: quando feita com pouco óleo e sem coberturas doces, é rica em fibras, tem baixo índice glicêmico e pode ser uma excelente opção de lanche leve e que promove saciedade.

O que fica no prato — e na consciência?
Celebrar com comida é parte essencial da cultura junina, e não há razão para se privar dos sabores que marcam essa época. Mas conhecer o que compõe cada preparação pode nos ajudar a fazer escolhas mais equilibradas, sem abrir mão da tradição.
Com pequenas adaptações — menos açúcar, mais ingredientes naturais e proteicos, atenção às quantidades consumidas — é possível aproveitar todas essas delícias mantendo o foco na saúde. Afinal, comida boa é aquela que alimenta o corpo, respeita a cultura e acolhe a memória afetiva.
Viva a Alimentação Saudável e o Consumo Consciente! Vivaa!
Divirtam-se e até breve.
Marcela Nutri

Marcela Rodrigues Rocha
Nutricionista (CRN9 – 5529), especialista em Gastronomia, Mestre em Ciências dos Alimentos e Doutoranda em Engenharia de Alimentos – USP.
@marceladricha
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