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Investimento brasileiro cresce e impulsiona expansão nos EUA

O peso econômico do empreendedor brasileiro nos Estados Unidos surge agora em dois movimentos simultâneos: o acúmulo de patrimônio financeiro no país e a expansão de negócios brasileiros no exterior. Isso porque dados da Anbima Data mostram que, até 30 de junho de 2025, o volume aplicado por investidores pessoas físicas no Brasil atingiu R$ 7,9 trilhões, uma alta de 6,8% em relação a dezembro de 2024. Especialistas afirmam que parte desse capital busca diversificação internacional, especialmente em ambientes mais previsíveis como os EUA.

Ao mesmo tempo, o fluxo de empresas brasileiras que cruzam a fronteira permanece relevante, impulsionado por franquias, serviços especializados e projetos de aquisição ou expansão. 

Para o economista formado pela Tufts University Boston e especialista em gestão empresarial, Tiago Prado, esse movimento não é improvisado: é o reflexo de métodos que o brasileiro adota quando entende a lógica do mercado americano.

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Tiago Prado – Crédito Bernardo Coelho

“Os EUA são um país que premia a previsibilidade. Aqui, o processo vence do improviso. O empresário que prospera é o que cumpre prazos, documenta tudo, mantém uma organização financeira rígida e entrega exatamente o que prometeu. Quando o brasileiro alia disciplina ao nosso talento natural para resolver problemas, avança rápido. E isso explica por que parte desses R$ 7,9 trilhões acaba se transformando em investimento direto no exterior: é uma busca por ambientes com regras claras e pouca volatilidade”, destaca. 

Com mais de 18 anos de vivência e empreendedorismo nos Estados Unidos, Prado observa de perto o desempenho de negócios liderados por imigrantes e identifica três pilares fundamentais para o sucesso: adaptabilidade inteligente, imersão cultural acelerada e execução de excelência. Segundo sua análise, prosperam aqueles que compreendem o pragmatismo da cultura americana, onde o sucesso é pautado pelo desempenho e resultados diários.

“Ser flexível não significa improvisar; significa aprender rápido. E ser disciplinado não significa ser engessado; significa criar rotina. O brasileiro que dá certo aqui é o que entende as regras do jogo — leis, atendimento, liderança — e as combina com uma execução consistente. Isso coloca o imigrante brasileiro em vantagem em segmentos como construção, limpeza, food service, transporte e seguros, onde há alta demanda e pouca oferta qualificada”, pontua.

Para o especialista, porém, há um ponto crítico que costuma definir o destino de empresas brasileiras nos EUA: o controle financeiro. Misturar finanças pessoais e empresariais, prática comum no Brasil, pode ser destrutiva no ambiente americano.

“Nos EUA, essa confusão entre contas pessoais e contas da empresa destrói o histórico bancário, bloqueia o acesso ao crédito e inviabiliza o crescimento. Já vi negócios com bom faturamento quebrarem simplesmente por falta de método. Quem pretende transformar parte do patrimônio aplicado no Brasil — como mostram os dados da Anbima Data — em investimento nos EUA precisa entender que a disciplina financeira é tão importante quanto vender”, conclui.

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