O Teatro Universitário da UFMG (T.U.) se prepara para formar mais duas turmas de atores profissionais. Para isso, vão apresentar dois espetáculos na Funarte/MG: “Nada Vai Dar Certo” e “Bonita” – o primeiro de 15 a 26/01; e o segundo de 29/01 a 09/02, com entrada gratuita.
Criado em 1952, o Teatro Universitário da UFMG tem oferecido para artistas de Minas Gerais — e do país — o curso de formação profissional em Teatro, exercendo importante influência no cenário artístico e cultural, além de desenvolver importantes projetos de pesquisa e de extensão na Universidade. Em 2023, o curso técnico em Teatro passou a ter a duração de 4 semestres.
Ao todo, o T.U. realizou cerca de 100 montagens e já teve em seu corpo discente nomes como Jonas Bloch, Maria Olivia, Neusa Rocha, Eid Ribeiro, Aziz Bajur, Julio Maciel, Antonio Edson, Inês Peixoto, Larissa Bocchino, entre outros.
Nada Vai Dar Certo
Primeiro espetáculo a ser apresentado de 15 a 26 de janeiro, “Nada Vai Dar Certo” é uma adaptação multimídia do roteiro original de “Bar Esperança: O Último que Fecha”, filme produzido em 1983 e estrelado por Marília Pêra e Hugo Carvana. Na história, um excêntrico grupo de artistas se reúne com frequência em um bar que está prestes a ser fechado. Entre eles, o casal Ana — uma atriz de novela — , e Zeca — um dramaturgo —, que busca se redescobrir em suas profissões, enquanto atravessa uma crise conjugal.
“Nós procuramos uma história simples para poder investigar diferentes maneiras de contá-la, explorando as relações entre o Cinema e o Teatro, o palco e a tela, o público e a câmera”, explica Lucas Fabrício, que assina a direção e dramaturgia do espetáculo e também é ex-aluno do T.U. “No dia a dia do ‘Bar Esperança’, conhecemos um grupo de artistas e seus dilemas profissionais. A escolha de uma narrativa ficcional já construída para o processo criativo, nos permitiu maior liberdade para experimentar a linguagem audiovisual e teatral, num exercício de criação de personagens e situações, além da experiência de filmar em diferentes espaços”, complementa.
A equipe audiovisual do espetáculo conta com Jeff Ahzul e Well Amorim, dividindo a Direção de Fotografia, além de Matheus Gepeto na Assistência de Direção, Produção e Montagem. Uma parceria com o curso de Cinema de Animação e Artes Digitais da UFMG foi firmada para a captação de áudio e som direto das cenas, bem como para a dublagem “novelesca” de alguns dos fragmentos em vídeo. As gravações se dividiram entre as dependências do T.U. e duas locações no hipercentro de Belo Horizonte — uma delas, o tradicional Tim Bilhares.
O elenco, composto por 19 estudantes, contou com o olhar da diretora Rikelle Ribeiro, outra egressa da escola, que realizou uma oficina de curta duração no início do processo de montagem sobre personagens-tipo e a “poética do deboche”. Há vários personagens excêntricos integrando a história, como Prepúcio – um garçom do Bar Esperança, Valfrido Salvador – um artista plástico pós-contemporâneo, Nina Saraiva – uma “artivista” inclinada à causa indígena, entre outros, sendo alguns deles interpretados por dois ou mais atores no decorrer da peça.
“A ideia da ‘curingagem’ veio como uma escolha dramatúrgica para ampliar as possibilidades de experimentação do elenco, nos distanciando também de uma estética realista/naturalista”, conta Lucas Fabrício.
“Nada vai dar certo” trata-se de uma adaptação do roteiro original de Armando Costa, Denise Bandeira, Euclydes Marinho, Hugo Carvana e Martha Alencar. Para a adaptação do roteiro, Lucas orientou um núcleo de dramaturgia com os estudantes da turma para incluir textos dos próprios formandos, que realizaram, no 1º semestre de 2024, alguns experimentos com os personagens e fragmentos do roteiro.
“Quando iniciamos nossas aulas com o Lucas, levantamos alguns desejos individuais para a futura montagem e acabamos nos unindo em grupos. Um deles levou uma proposta de histórias entrecruzadas, que acontecessem em um mesmo ambiente, e logo indiquei o filme como referência. Ele não foi a escolha imediata da turma para a dramaturgia, já que muitos outros materiais foram sugeridos, mas assim que o roteiro completo foi encontrado pela direção e levado à sala, entendemos que era um caminho possível”, conta Analu Diniz, uma das alunas formandas.
A turma faz o convite: “Traga no peito as telenovelas melodramáticas, a juventude de vanguarda e os famosos mullets, que serão devidamente embalados ao som de Gretchen. Ombreiras também são muito bem-vindas”, brinca.
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