O espetáculo “O Som do Mundo Desmoronando”, com direção de Altemar Di Monteiro, chega aos palcos da Funarte.
O espetáculo o Som do Mundo Desmoronando, com dramaturgia coletiva, orientada e dirigida pelo Prof. Dr. Altemar Di Monteiro, é livremente inspirado nos escritos de Paul B. Preciado e Achille Mbembe, possui 23 atuantes em cena e propõe uma experiência sensorial intensa, onde corpos em movimento dialogam com o silêncio e um design sonoro envolvente.
A proposta bilíngue transcende a acessibilidade, buscando acolher tanto corpos ouvintes quanto surdos, criando uma dramaturgia que se debruça sobre o ruir e o reconstruir, o ouvir e o não ouvir. A obra estreia nos palcos de Belo Horizonte, no Galpão 4 da Funarte MG, e ficará em cartaz de 5 a 8 de fevereiro (quarta a domingo), sempre às 20h30. Em diálogo com o conceito de disphoria, cunhado por Preciado, a peça explora a noção de inadequação para refletir sobre uma dimensão existencial que define nosso tempo e reafirmar que corpo e mundo nunca estiveram separados.

Sinopse: Em um mundo em colapso, onde as certezas caem como monumentos antigos, “O Som do Mundo Desmoronando” descortina um tempo de transição. Livremente inspirada nos escritos de Paul B. Preciado e Achille Mbembe, a peça entrelaça narrativas de resistência com as marcas de uma destruição ecológica e humana que pulsa em nosso tempo. Nos escombros, histórias emergem: baratas, ativistas, cientistas e seres insólitos dançam, insurgem e fazem algo, enquanto o silêncio ecoa tão alto quanto o som. Mais que uma peça, este é um convite para escutar o inaudível, enxergar o invisível e, mesmo com asas quebradas, imaginar algum voo (im)possível.
Quanto maiores são as estátuas, mais generosos os escombros. No palco, narrativas de resistência (e sua cooptação neoliberal) se entrelaçam com reflexões sobre a devastação ecológica e humana, compondo um mosaico de utopias e descrenças que ressoam no agora. A criação toma como inspiração o cortejo zapatista realizado nas ruas México em dezembro de 2012, explorando as perguntas que ele ecoa: o que é necessário desmoronar para que outro mundo possa emergir? A pergunta não é se as estátuas devem ou não cair. A questão é decidir o que fazer com os escombros. A montagem conta com a parceria da BH Em Libras através de projeto de pesquisa em orientação com o Professor Altemar Di Monteiro.
Nas ruínas de um tempo em transição, baratas, pássaros, ativistas, bombeiros, cientistas, fotógrafos, eletricistas, intérpretes, produtoras culturais, atores, atrizes e outros seres insólitos constroem territórios de insurgência e criação. Questionando o imaginário brutalista e inspirados na luta zapatista, “O Som do Mundo Desmoronando” é mais que um espetáculo: é um manifesto poético. Convoca o público a escutar o caos, perceber os escombros e imaginar novos voos. Entre o desmoronamento e a reconstrução, esta obra performativa é um convite para sonhar: mesmo com asas quebradas. Segundo o professor Altemar Di Monteiro, diretor da primeira montagem no curso após sua recente chegada na Graduação em Teatro da UFMG, a peça possui uma importância singular ao reafirmar a relação intrínseca entre poética e pedagogia teatral.
“O processo criativo dessa peça ofereceu ao elenco uma imersão em diversas camadas do fazer teatral: da criação de uma dramaturgia colaborativa ao aprofundamento no trabalho de ator e atriz, passando pela concepção de visualidades e, principalmente, pelos debates sobre teatro performativo e segurança cênica. Discutimos, além de teorias do processo criativo em teatro, normas técnicas dos equipamentos e a relação com a produção cultural de forma integrada”, destaca Di Monteiro. Para o professor, dramaturgo e encenador, “uma graduação em teatro forma, acima de tudo, trabalhadores da cultura. Estamos preparando pessoas que poderão decidir os rumos das artes e da cultura no país. Para isso, é indispensável um processo continuado que articule teoria e prática, permitindo uma formação sólida para futuros artistas e professores de teatro”.
SERVIÇO:
Datas: 05 a 08 de fevereiro, 20h30. Sessão extra no dia 08, às 16h (com debate após a cena)
Local: Funarte – Galpão 04 (RUA JANUÁRIA, 68 – CENTRO | BELO HORIZONTE/MG)
Valor: R$ 10,00 / R$ 5,00
Ingressos: Sympla ou bilheteria da Funarte.
Entrada Franca: Estudantes da Graduação em Teatro (UFMG e UFOP), Graduação em Dança, Teatro Universitário, Cicalt ou Cefart (limitado a 50 ingressos por sessão, até 40min antes do espetáculo).