
O mês dedicado ao movimento Janeiro Branco convida todos a cuidarem da saúde mental, aproveitando o início do ano para refletir sobre emoções, relações e bem-estar. Nesse processo, é importante abordar estratégias que podem transformar ambientes de trabalho, escolas e a sociedade em locais que promovam bem-estar emocional e previnam o adoecimento mental.
A promoção da saúde mental começa pelo respeito à dignidade humana e pela valorização da singularidade de cada indivíduo. Heitor Vicente, professor de Psicologia do Centro Universitário Una Uberlândia, destaca que no ambiente de trabalho, “o trabalhador que é valorizado, reconhecido e bem remunerado tende a estar mais organizado emocionalmente e a render melhor“. Relações laborais abusivas, sobrecarga de funções e falta de reconhecimento são fatores que contribuem para o adoecimento mental.
Nas escolas, as estratégias não são muito diferentes. O professor destaca que a promoção da saúde mental envolve a gestão humanizada de toda a comunidade escolar – desde os professores e equipe de apoio até os estudantes. “Quando construímos valores como respeito, escuta cuidadosa e compreensão, criamos ambientes em que professores e alunos se sentem valorizados e acolhidos. Ser visto e reconhecido é uma das formas mais poderosas de promoção da saúde mental“, pontua.
Ao falar sobre a cultura do autocuidado, Heitor enfatiza que ela deve ser pensada em conjunto com outras estratégias sociais. “O autocuidado individualizado, desconectado das condições reais em que as pessoas vivem, pode ser mais culpabilizante do que efetivo. É fundamental pensar o cuidado como uma estratégia coletiva“, explica. Ele ressalta a importância de criar condições para que as pessoas possam olhar para si mesmas e se cuidar, promovendo políticas públicas e práticas organizacionais que garantam tempo e recursos para o bem-estar.
Outro ponto essencial para a saúde mental, segundo o professor, é o acesso à arte e à cultura. Heitor destaca que essas experiências permitem às pessoas se expressarem e se reconectarem com suas emoções de formas únicas. “A arte nos salva. Ela nos convida a sair da obrigatoriedade do trabalho e a explorar formas outras de expressão. É uma maneira de elaborar nossas vivências e ampliar nossos repertórios sobre o mundo“, afirma.
O Janeiro Branco é um convite para que organizações, escolas e indivíduos reflitam sobre o cuidado com a saúde mental. Seja promovendo ambientes mais humanos e respeitosos, adotando práticas coletivas de autocuidado ou ampliando o acesso à arte e à cultura, todos podem contribuir para um mundo mais saudável e acolhedor.
Se você ou alguém próximo está enfrentando dificuldades emocionais, procure apoio de profissionais da saúde mental ou serviços de atendimento especializado, como o CVV, que oferece escuta gratuita e acolhedora pelo telefone 188.
Deixe um comentário