
Chegar aos 50 anos no jornalismo é ter muitas histórias para contar – mas também é enfrentar um mercado que, cada vez mais, parece ignorar a experiência. Sou um jornalista 50+ e, como muitos colegas, vi portas se fecharem, salários encolherem, passaralhos diversos e processos seletivos escancararem um preconceito silencioso: o etarismo.
Dados da FENAJ e do Dieese mostram que mais de 40 mil postos de trabalho formais em comunicação foram fechados nos últimos anos. E os mais afetados? Profissionais com mais de 45 anos, justamente os que acumulam décadas de dedicação. Não é coincidência: somos considerados “caros” ou “menos produtivos”, mesmo com todo o repertório e conhecimento que temos.
O impacto disso não é apenas financeiro. Há um abalo profundo na autoestima. Muitos de nós enfrentam ansiedade, depressão e sensação de inutilidade após uma demissão. Somos acostumados a correr atrás da notícia, mas não nos preparam para correr atrás de recolocação em um mercado que prefere a juventude e versatilidade dos influenciadores a profundidade e ética.
A situação se agrava com o avanço da inteligência artificial. Ferramentas que automatizam textos, análises e até edições nos obrigam a nos reinventar. É assustador ver cargos sumirem, mas também é uma chance de redirecionar. Afinal, máquinas ainda não sabem interpretar o silêncio de uma fonte ou a emoção de uma cobertura ao vivo.
A saída tem sido buscar novos caminhos: ensino, consultoria, produção independente e, para muitos, o empreendedorismo. Pesquisas indicam que empreendedores 50+ têm mais chances de manter seus negócios por mais tempo. A experiência conta – e muito! Ufa, ainda bem!
Ainda assim, é preciso criar redes de apoio. Compartilhar oportunidades, indicar colegas, abrir espaço para que jornalistas maduros possam contribuir com sua vivência. O jornalismo precisa do nosso olhar. E nós precisamos continuar acreditando que ainda temos muito a dizer, fazer e acontecer.
Se você é um comunicador 50+, compartilhe sua trajetória. Se é gestor, lembre-se: experiência não é gasto, é investimento. E, acima de tudo, que possamos transformar nossa maturidade em potência.

Robhson Abreu
CEO PQN
Diretor da Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo – Secção Minas Gerais (Abrajet MG)
Membro do Conselho Estadual de Turismo de Minas Gerais (CET MG)