
No mês de julho celebramos o Dia da Gastronomia Mineira — uma data que nos convida a mergulhar nos aromas, sabores e saberes de uma das cozinhas mais afetivas e emblemáticas do Brasil.
Mas além da tradição e da identidade cultural, você já parou para pensar nas contribuições nutricionais da culinária das Minas Gerais?
A base da cozinha mineira é composta por ingredientes naturais, locais e minimamente processados, como feijão, milho, couve e outros vegetais, mandioca, ovos caipiras, frango, queijo artesanal e ervas frescas. São alimentos ricos em fibras, vitaminas, minerais e compostos bioativos antioxidantes (como polifenóis, carotenoides, flavonoides) — um verdadeiro patrimônio não só gastronômico, mas também nutricional.
O feijão tropeiro, por exemplo, é um prato completo, fonte de proteínas, energia, ferro e fibras, especialmente se contiver a couve refogadinha. Já o frango com quiabo combina proteína magra com um vegetal rico em fibras que auxiliam na digestão e contribuem para a saúde intestinal. A galinhada, com seu frango dourado, arroz cozido no próprio caldo carregado de especiarias aromáticas, e às vezes acompanhada de ora-pro-nóbis, de um tutu ou de “feijão pagão”, é outra excelente opção de prato único e nutritivo.
E como não lembrar do pão de queijo? Quando preparado com polvilho fresco, ovos caipiras (ricos em luteína e colina), e queijos mais duros e brancos ou curados artesanalmente (fontes de probióticos) – ingredientes típicos de um “pão de queijo raiz” – ele pode sim, fazer parte de uma alimentação equilibrada, respeitando-se a moderação e frequência.

É verdade que a como grande parte das culinárias regionais, a mineira também carrega excessos — por exemplo o uso frequente de banha de porco, toucinho, linguiça e queijos gordurosos. Mas isso não deve ser visto como um problema, e sim como um convite ao equilíbrio. Com pequenas adaptações no preparo e atenção às porções, é possível manter a alma da cozinha mineira sem comprometer a saúde.
Lembrar esta data, é também reconhecer que a fartura nasceu à beira de um fogão de lenha, onde panelas grandes acolhem simplicidade, histórias, afetos e encontros.
Agradecemos aos nossos ancestrais por terem nos ensinado, que o melhor lugar de uma casa mineira, é a cozinha, pois é ali entre um “cafezim” e um “docim”, que sua cultura alimentar se fortalece, adaptando-se à evolução dos tempos, às necessidades nutricionais de cada um, mas sem perder a essência.
Neste julho da Gastronomia Mineira, celebre com consciência, afinal, alimentar-se bem também é alimentar a identidade.
Até breve.
Marcela nutri

Marcela Rodrigues Rocha
Nutricionista (CRN9 – 5529), especialista em Gastronomia, Mestre em Ciências dos Alimentos e Doutoranda em Engenharia de Alimentos – USP.
@marceladricha
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