Com mais de 4.884 mil empreendimentos, Belo Horizonte é a terceira cidade com o maior número de pequenos negócios de panificação ativos no Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. No 1º trimestre de 2025, a capital mineira registrou 355 pequenas empresas atuantes no mercado de panificação, uma variação de 55,7% em relação ao ano anterior.
Pensar em soluções inovadoras vem desafiando os empreendedores do segmento, que precisam pensar em meios de gerar resultados para o negócio e trazer valor para o cliente. Esse é o caso da empreendedora Rita Gonçalves, que está na terceira geração do negócio na família. Ela possui duas padarias no Centro de BH e uma empresa de embalagem para produtos da panificação. A busca por ideias inovadoras se realizou na Bagueteria Francesa, que há 10 anos tem se destacado com estratégias diferenciadas, trazidas pelo seu pai.
O negócio apresenta um novo modelo, bem diferente do que havia sido implementado na família com a padaria anterior, além de possuir outro perfil de público. Foi a Bagueteria que ajudou a segurar as contas na pandemia, devido a implementação das vendas on-line, por aplicativo. “O meu pai sempre foi visionário. Muito criativo na panificação, participava de diversas feiras e, em uma delas, no exterior, viu um equipamento que acreditava poder realizar o seu sonho de fazer baguetes de fermentação natural no centro de BH. Na época, achamos loucura, porque iria criar a loja ao lado da nossa própria padaria. Mas o negócio, além de pioneiro, foi um sucesso”, destaca.
Buscar por soluções inovadoras os permitiu construir um modelo compacto de negócio e democratizar o pão de fermentação natural. Além disso, a partir do maquinário, foi possível diminuir o tempo de produção e automatizar os processos. Na parte de divulgação do produto, fortaleceram a presença no Instagram, criaram parcerias com artistas e chefes de cozinha e aumentaram a participação em eventos. Para o cardápio, ao pensar nas possibilidades da fermentação natural, desenvolveram uma combinação da culinária francesa com a mineira, como o pão com torresmo ou com linguiça, a geleia e o mel de produtores artesanais, e os cafés de Minas.
A analista do Sebrae Minas Lorena Melo destaca que os negócios da panificação precisam pensar em soluções para manterem os negócios competitivos, a fim de ampliar as vendas, reduzir custos, aumentar a eficiência produtiva e, até mesmo, o número de clientes. “Atualmente, o dono de um negócio da panificação precisa pensar em estratégias eficazes, como a criação de um produto especial, um maquinário mais eficiente ou campanhas para fidelizar os clientes, que podem ser offline ou nas redes sociais. É possível apostar em produtos inovadores e serviços personalizados, sem deixar a tradição de lado e buscar diferenciação para um mercado tão competitivo”, completa.
Inovar para crescer
Dados da Receita Federal mostram a força do mercado de panificação em Minas Gerais: em 2024, o estado contabilizou uma média de mais de 400 pequenas empresas abertas a cada mês. Mas esses negócios, que são tidos como tradicionais, precisam buscar estratégias para se manterem no mercado.
Para estimular e fortalecer o segmento, o Sebrae Minas, em parceria com o Sindicato e Associação Panificação e Confeitaria de MG (Amipão) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), lançam o Programa Prepara Padaria 2025. Voltado para micro e pequenas empresas (MPE) de Belo Horizonte e Região Metropolitana, com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões, a iniciativa prevê uma série de capacitações estratégicas, mentorias especializadas e conteúdos voltados para gestão, liderança, finanças, produção e eficiência operacional. Donos de pequenas empresas interessadas em participar do programa devem se inscrever por meio deste formulário on-line. A iniciativa conta com investimento subsidiado e vagas limitadas.
A analista Lorena Melo explica que o Prepara Padaria possui uma metodologia que passa pelas principais dores dos negócios da panificação. “Vamos priorizar em discutir questões voltadas para liderança e retenção de mão de obra; o olhar para o aperfeiçoamento produtivo dentro da panificação, que ajuda a minimizar os desperdícios; e a ter uma maior lucratividade”, ressalta.
O presidente do Sindicato e Associação Mineira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Amipão), Vinicíus Dantas, afirma a importância do programa na capacitação desses negócios. “Muitos desses empreendimentos ainda atuam de forma analógica e precisam se adaptar às mudanças, sejam de mão de obra e sucessão ou, até mesmo, tecnológica. Por isso é importante contar com o apoio de parceiros para ajudar esses empresários a terem negócios que se mantêm no mercado”, pontua.
A iniciativa conta, ainda, com o apoio da Fiemg, que, há 22 anos atua em projetos de competitividade industrial para o segmento de panificação em todo o Estado. “Por meio dessa parceria, podemos facilitar o trabalho, o investimento e o acesso ao conhecimento para os empresários. Começamos com o Pão Gestão e seguimos agora com o Prepara Padaria, estratégia estadual do Sebrae Minas. É uma oportunidade para obter consultorias e capacitações com pessoas especializadas no setor”, afirma o gerente de projetos do Instituto Euvaldo Lodi, Thadeu Neves.