Na semana do Empreendedorismo Feminino, convido você a olhar além das estatísticas e das homenagens. É preciso compreender a verdadeira dimensão desse movimento. Uma data que não pode se limitar a uma marcação simbólica em seu calendário. Ela é, antes de tudo, uma oportunidade para reafirmarmos o compromisso coletivo, a responsabilidade que carregamos de construir novas estruturas econômicas e sociais que deixem de limitar as mulheres no mundo dos negócios. É, no mínimo, paradoxal que, enquanto o cenário social mundial exige inovação, eficiência e crescimento sustentável, a participação feminina esteja tão aquém do seu potencial.
Perceba que economias que incentivam o empreendedorismo feminino não estão apenas corrigindo um desequilíbrio histórico. Elas estão ganhando acesso a uma força de inovação que promove o crescimento e transforma o mercado. Empreendedoras abrem portas para novas soluções, desafiam modelos tradicionais e ampliam mercados. Em minha trajetória, testemunhei o impacto da diversidade de gênero na criação de negócios inovadores, nas mudanças que transformam realidades e na independência financeira que fortalece a tomada de decisão. Benefícios que extrapolam as organizações, e impactam a sociedade.
Para que essas mudanças ganhem escala, precisamos de uma rede de apoio muito mais robusta. Colocar mulheres em cargos de liderança é apenas um passo para os caminhos que ainda precisamos construir. Cultura de colaboração, mentoria e networking, são também mais alguns passos. O desafio, imperativo para o desenvolvimento, é construir um ecossistema que fortaleça e conecte empreendedoras de perfis variados, proporcionando um ambiente que vá além da oferta de capital. Um fomento estratégico, contínuo e que não deixa ninguém para trás. Uma responsabilidade compartilhada: homens e mulheres, unindo forças para criar um mercado mais inclusivo, onde as diferenças são valorizadas e tratadas como ativos.
Os números mostram o quanto ainda precisamos avançar. Uma pesquisa da Vila Nova Partners, divulgada no segundo semestre de 2024, mostra que apenas 5% dos CEOs das maiores empresas de capital aberto no Brasil são mulheres. Um dado que escancara uma realidade: a distribuição de poder segue privilegiando um grupo – e as mulheres ainda não fazem parte dele. É .., o mundo dos negócios, ou pelo menos parte importante dele, parece ainda não enxergar que o empreendedorismo feminino é um investimento estratégico no futuro. Mulheres trazem novas perspectivas e abordagens que têm o poder de impulsionar a inovação em escala inédita, gerando um crescimento econômico inclusivo e sustentável que reverbera positivamente em toda a sociedade. Essa é uma oportunidade que não se pode desperdiçar.
Agora, a você, mulher empreendedora, proponho uma reflexão: revise sua trajetória, valorize as barreiras superadas e as conquistas alcançadas. Sua presença e persistência representam mais do que um sucesso individual – são uma fonte de inspiração para outras mulheres e para a sociedade como um todo. Estamos construindo, juntos, uma rede que molda o futuro. Então, que as nossas ações e parcerias abram caminhos e transformem o empreendedorismo feminino em uma força constante e vital para a nossa sociedade.
Luciana Zanini
Diretora Executiva de Finanças, Pessoas e Estratégia – CFO do Inhotim
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